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terça-feira, 3 de julho de 2018

VIRTUDES/LEITURA - COMPANHIA e AUSÊNCIA


LEITURA
 COMPANHIA E AUSÊNCIA
Houve dias em que vi o desalento. Estive com ele, aliás. Tudo era cinza. Ele não era nada simpático. Era pegajoso e possessivo. Nostálgico de sobremaneira.
Ele não queria me libertar, não. Andava comigo onde quer que eu fosse. Não me deixava nem na hora das refeições. Estava ali, incólume, permanente. E me olhava como quem tem controle total; a supremacia que não se empresta a ninguém além de nós mesmos.
O desalento não me dava folga. Era dia e noite. Noite e dia.
Era presença e falta ao mesmo tempo. Era a constância nos pensamentos e a tragédia sorrateira do dia a dia, onde nada dava certo. Ou onde tudo tinha algo errado para mostrar que a vida não é como a gente quer. A vida é. E ponto final.
O desalento esteve sob sol e chuva. Aguentou desaforos de toda espécie, mas mesmo assim não me desgrudava.
Até que eu decidi que ele não precisava estar mais ali, já que não ajudava em nada. Era, na verdade, um peso morto. Não me fazia companhia. Ele era apenas a ausência de toda fé e força que eu tinha esquecido que co-existia em mim.
De uma hora para outra, o desalento murchou. Desalentou-se em si mesmo. Entrou num beco sem saída, onde o deixei desaparecer, quando minha força ressurgiu das profundezas. Ela era, realmente, soberana em tudo...
O desalento me ensinou muita coisa. Me ensinou que não preciso de pseudo-companhia e de ausência ilimitada. Não preciso de nada, além de tudo o que habita em mim. E habita entre flores, cores e tantos perfumes.... ou o simples aroma de perfumar-se com sua própria essência.


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