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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Crônica: O MORTO


Manhã, dia 29 de Janeiro, segunda-feira... De repente... THIM!!!!!!    THIM!!!!! Ainda sonolento, estendo a mão para desligar o despertador, que desesperadamente anuncia que mais um dia de labor, de rotina está começando. Mal abro os olhos; a cabeça doendo, como se martelos batessem lá dentro. E observo o relógio.... meu dia está somente iniciando. Começo a refletir o que poderia acontecer de bom, de espetacular que pudesse animar-me, dar um significado interessante. Vou ao banheiro para a cerimônia de higienização matinal. Ouço vozes das pessoas na rua que vão ao trabalho, carros, etc...
         Perdido nesses pensamentos,.... repentinamente a campainha toca desesperadamente, enlouquecida....... – Que barulho infernal!!! Quem será a esta hora?!! Tão cedo!.... Entretanto falo aos brados: - Já vou!!!! Troco-me rapidamente. Vou até a porta, e alguma coisa estranha no ar.... os cabelos começam arrepiar.... – Que isso? Cruz e credo!.... Abro a porta e não há ninguém. Olho adiante...... entre a porta e o portão, um corpo caído.
         Começo a pensar milhares de coisas, filmes como flashes, discussões passam em minha mente;...
         Logo, um grito, involuntário: - Um morto no meu quintal!!!!!! Logo se aglomeram várias pessoas. – “Está morto, não está? Chamam, sacodem, batem, espetaram, beliscaram nada”. “Uma quarentona grita: -” Tá morto, claro que está morto.” Um adolescente fala: -“ está mortinho da Silva. ”“ Um médico”, grita outro; “ Chamem a polícia!”outro....
         O defunto era um cidadão jovem, em trajes sociais, cabelo e barba bem feitos, pele branca, mais ou menos um metro e setenta de altura. Sapatos bem engraxados, não tinha pasta, nem pacotes, apenas um livro.··.
         Após recobrar-me as forças, liguei para a Polícia, que após três horas, apareceu, respondi algumas perguntas e dispensaram-me. Então pensei: “Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje.... O futuro a Deus pertence..... Preciso viver o “Presente”, muito bem vivido, todavia tenho que me preparar também para o amanhã.

Cronicaezequiel.doc

O PRAZER DE ENSINAR


Ensinar é transmitir o que você sabe  a quem  quer saber, portanto é dividir sua sabedoria. Mas é uma gostosa divisão que não segue as leis matemáticas, porque, em vez de você diminuir, ganha o que nem lhe pertencia. Ensinar faz o mestre atualizar seus próprios conhecimentos e se enriquecer com a gratidão, a admiração, o respeito e o afeto do seu discípulo.
            Nem sempre o professor ensinar significa o aluno aprender. Quanto mais o professor conseguir aplicar seus conhecimentos  no dia-a-dia do  aluno, mais este terá interesse em aprender. Ensinar algo que não serve ao aluno o obriga a simplesmente decorar,  com uma memória descartável que dura até o momento da prova.  O professor que não se deixa questionar, não aceita sugestões, nem acata reclamações é porque tem sua aula decorada faz tempo e, se não morreu, falta pouco. Os questionamentos revolvem os acomodados neurônios em busca de novas respostas, reativando o cérebro, revivendo a alma.
            Ensinar é realizador, prazeroso e gratificante. É como ver desabrochar a flor cuja semente o mestre plantou. O conhecimento deve ser dosado pelo interesse e pela capacidade de aprendizagem do aluno. Muita luz pode cegar o olho acostumado à penumbra. O aprendiz, além de receber o conhecimento, está absorvendo o prazer de ensinar do mestre, que nele se transforma em prazer de aprender. E o que se aprende com prazer não se esquece jamais.
            É transitório e medíocre  o abuso do poder do saber sobre quem não sabe. Esse poder só alimenta a mesquinha vaidade pessoal. O “sabe-tudo”  está pondo um limite subjetivo em seu conhecimento acreditando-se onisciente. Isto é mania de querer ser Deus. A maior fraqueza do homem é querer ser Deus, pois a verdadeira sabedoria traz embutida a humildade. É saudável buscar a perfeição, porém é mais perfeita a pessoa que a procura do que a que a encontra. O verdadeiro mestre procura estar sempre aprendendo.
            O mestre é um caminho para seu aprendiz chegar à sabedoria. O aluno tem de superar o professor. O verdadeiro mestre se orgulha de ter sido um degrau na vida do aprendiz que venceu na vida. Ensinar é um gesto de generosidade, humanidade e humildade. É oferecer alimento saboroso, nutritivo e digerível àqueles que querem saber mais, porque:
ENSINAR É UM GESTO DE AMOR!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O caso do espelho


Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata.

Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos:

– Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?

– Isso é um espelho – explicou o dono da loja.

– Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.

Os olhos do homem ficaram molhados.

– O senhor... conheceu meu pai? – perguntou ele ao comerciante.

O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.

– É não! – respondeu o outro. – Isso é o retrato do meu pai. É ele, sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito?

O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho

Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira.

A mulher ficou só olhando.

No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.

– Ah, meu Deus! – gritava ela desnorteada. – É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!

– Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.

– Que foi isso, mulher?

– Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?

– Que retrato? – perguntou o marido, surpreso.

– Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!

O homem não estava entendendo nada.

– Mas aquilo é o retrato do meu pai! Indignada, a mulher colocou as mãos no peito:

– Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa?

A discussão fervia feito água na chaleira.

– Velho lazarento coisa nenhuma! – gritou o homem, ofendido.

A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa.

– Que é isso, menina?
– Aquele cafajeste arranjou outra!

– Ela ficou maluca – berrou o homem, de cara amarrada.

– Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!

A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato.

Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.

– Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!

E completou, feliz, abraçando a filha:

– Fica tranqüila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
Conto popular recontado por Ricardo Azevedo