VIRTUDES
A MAGIA DE VIAJAR
Estive viajando nas últimas semanas e viajar para
lugares desconhecidos é sempre uma oportunidade para o novo entrar na nossa
vida. E assim tudo fica ainda mais bonito: há cores novas, aromas, paisagens,
gostos, gente. Uma cultura que nos deslumbra a partir de mínimos detalhes, porque
estamos dispostos a conhecer e nos reconhecer.
O Leste Europeu traz paisagens magníficas, palácios
exuberantes e uma história sofrida, porém recordada em monumentos que emocionam
não só pelo que exibem, mas pela conservação que atravessa séculos. Senti o
vento à margem do Rio Danúbio, provei salsichas gigantes, assisti a concertos
com as peças que mais me emocionam em toda uma vida. Visitei museus
espetaculares, me embrenhei na história cada vez mais apaixonante por onde
estive. E assisti ao teatro negro (The Black Light Theatre), algo muito
tradicional e peculiar de Praga, na República Tcheca. Na montagem baseada em
“Alice no País das Maravilhas”, a personagem principal parecia flutuar diante
do público, criando uma magia incrível. Era como reintegrar a fantasia que a
gente precisa no dia a dia, para sentir a magnitude da arte e do inesperado.
Para poder rir como criança, sem medo, remorso ou identificação com aquela
manjada e limitadora frase: “você não tem mais idade para isto!”. Quem é que
pode dizer qual é o nosso limite, se não nós mesmos?
As pessoas, no geral, se limitam à idade, como se
cronologia fosse impeditivo para poder desfrutar das coisas da vida (desde as
mais simples) ou para experimentar novas emoções. Há limitações em algumas
fases, é verdade, mas isto não quer dizer que tenhamos que nos furtar do
conhecimento, que tenhamos de abdicar de desejos como se não houvesse outra
coisa senão a resignação.
Embora os anos tenham passado e um universo de coisas
maravilhosas tem se descortinado na minha vida, ainda me custa correlacionar a
minha idade cronológica com a idade que sinto ter. E isto não tem a ver com
imaturidade, mas com a espiritualidade, onde o tempo não existe, onde se é o
que é, com os desejos renovados e cheios de bons fluidos para si e para o
mundo. A vida é um instante que precisa ser bem vivido, com a magia e aqueles
sentimentos lindos e genuínos que nos remetem às crianças.
Viaje mais. Faça viagens para dentro de si e para o
mundo que existe aí fora. Conquiste. Desbrave. Emocione-se. Não deixe para
depois o que está diante dos olhos. Observe, sinta. Prove. Aprove. Reprove, se
for o caso. Mas, não deixe de fazer algo que o seu íntimo pede. Algo que pode
ser pequeno, mas é todo teu. Do teu mundo, das tuas viagens, do teu patrimônio.
Único e inviolável. Seja livre e viaje sempre (e mais)!
Mônica Kikuti
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