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sexta-feira, 10 de abril de 2015

VIRTUDES - APLAQUE A DOR

VIRTUDES
APLAQUE A DOR
Encontrei uma amiga e fazia tempo que não conversávamos. É sempre reconfortante encontrar quem a gente gosta e poder aproveitar o tempo ali, sem deixar esfriar o café por causa da maldita selfie ou de alguém insistindo no WhatsApp. Como minha nobre leitora, ela me sugeriu um tema: a dor.
Lembrei-me daquela frase “doa a quem doer”. E às vezes a gente age mesmo levando este conceito como lema, sem se importar com a dor alheia, só porque a nossa sempre parece ser maior. E, por vezes, somos muito egoístas! De fato, a dor, embora todos experimentem sofrimentos, vai “doer” dentro da gente de forma diferente mesmo havendo uma situação semelhante com a do outro. Mas, todos estão sujeitos a sofrer e a sentir dor, seja por conta de unha encravada, do dente latejando, do dedinho batendo na quina do móvel, de alguém que se foi, de algo que acabou e que a gente não queria que tivesse acabado. E aí pode surgir a dor de cotovelo que não tem analgésico que resolva: é preciso aceitar. Aceitar é uma forma de redenção, de se dar uma outra e, portanto, nova oportunidade.
Mas a dor também pode ser um alerta de que algo vai mal. E como disse a minha amiga, talvez, neste caso, ela seja essencial para nos trazer novos aprendizados, para mostrar que é preciso agir, mudar algo no nosso comportamento, que pode ser, inclusive, a própria forma de enxergar a vida. Muita gente, aliás, passa a valorizar muito mais a existência depois de ter enfrentado doenças severas e todo um conjunto de tribulações. E aí a dor floresce em uma oportunidade de renascimento, trazendo o bálsamo que tanto se buscava.
Há quem viva, porém, dores inesgotáveis, fabricadas dentro de si, talvez por ter se acostumado com elas, por não saber mais como a vida é sem lágrimas, sem sofrimento, lamentos. Em algumas pessoas, esta dor de dentro, invisível e tão presente, embrutece, abre feridas na alma, cunha a tristeza dentro do peito como essência sem perfume. E o mundo perde o brilho para tornar-se fosco.
Aplaque a dor fabricada. Faça o mundo brilhar de novo. Sinta as cores de um novo amanhecer dentro de si. Remova as ferrugens deixadas pelas dores que não existem mais, de sofrimentos que já se passaram, mas que parecem ser carregados por todos os cantos, como fardos cheios de ressentimento e tormento. Isto é peso morto. Liberte-se.
Emplaque as alegrias e toda a exultação que elas trazem. Tenha fé. Não desacredite. Enxergue que enquanto se está vivo há vida. E se há vida é preciso viver. E bem viver.

Mônica Kikuti

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