VIRTUDES
EMBRULHO
Há luzes por todo canto. Há barulho.
Vento gelado.
A hora passa trapaceando a saudade
repentina de uma ausência inconsequente.
O poste ilumina a árvore semi
moribunda como o amor que se recolheu dentro da toca. Marmota.
E o teu olhar ficou perdido nas lembranças
de outrora, no recomeço ávido pelas notícias que nunca se acabam.
Há os que correm, os que caminham e
os que pisam no freio ou tocam a buzina, como se fosse o único som a se
orquestrar.
Há dez minutos, talvez mais... O
cheiro do vento não é igual depois que você foi embora.
Uma melancolia penetra no meio das
árvores por aquela luz amarela misturada como uma névoa estranha, destas noites
de inverno. Atípica paisagem! Talvez eu não esperasse ver tudo assim.
No happy hour da mesa ao lado, uma
voz entra crua nos ouvidos, com uma série de desalentos ritmados com a
impaciência de cada frase. Aquilo arde, estufa na memória sorrateira dos goles
que não posso dar.
E num momento quase seguinte o brilho
no olhar se renova. Algo toca, algo encanta. Um novo encontro.
Ah, mas é sempre hora de partir,
sair, retomar.
Dizer adeus, embora não se queira.
Embrulhar os planos e sonhos no guardanapo.
E quando abri-lo de novo, que haja
uma borboleta prestes a voar. Como aeroplano.
Fora da linha azul do caderno.
Fora da lei.
Fora da linha.
Imaginária.
Mônica
Kikuti
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