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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

VIRTUDES - MUITAS VIDAS SEM GRAÇA

VIRTUDES


Muitas vidas sem graça


Diante de um computador podemos ser o que quisermos. Bonitos, bem sucedidos, simpáticos, atraentes e até inteligentes. Mas fora do mundo virtual tanta coisa vai se perdendo. Olho para alguns jovens, até os meus parentes, e percebo o quanto são bons diante de uma tela. São exímios navegadores. Dominam as tecnologias na palma da mão. Jogam Candy Crush e Angry Birds com tanta desenvoltura que poderiam ter a mesma para outras coisas simples, como tomar um ônibus, andar de Metrô, lavar a roupa na máquina, fritar um ovo. Para isto, entretanto, é preciso que o papai e a mamãe ajudem. Melhor: façam. 
Há muita gente sem iniciativa na vida real. Gente que não sabe se virar. Gente que, por vezes, tem medo de ser independente porque sempre houve alguém ali para quebrar o galho. Para ser a muleta, o braço direito, o cérebro. Além de não haver iniciativa, há um egoísmo que insiste em se pulverizar em todos os cantos. Isto, claro, não traz felicidade. Traz dependência.
Quem protege demais seus filhos talvez esteja criando um exército de “sem noções”. É... daqueles que têm medo do resultado de suas ações, porque se acostumaram com o conforto do “tudo na mão”. Como reagir na vida real sem aquele escudo de sempre? Sem contar com aquela proteção providencial? A vida tem botão de pânico? Ai, ai, ai...
É muito difícil quebrar esta vidraça entre o real e o virtual. Entre o que se quer ser e o que se é. Entre a fragilidade e a fortaleza que se passa quando não se está no cara a cara. E aí temos vida sem experimentos. Sem experiência. Com banalidades e frivolidades. Com gente cada vez mais fria aos sentimentos de verdade, às ações e reações. Gente fria à quentura que a vida pulsando lá fora traz para a vida de dentro. Gente que vivia num mundo “particular” e que vai ter que, não sei como, enfrentar os leões com um gigantismo até então inexistente. Onde se fabrica coragem?, poderão perguntar. 
Por trás do computador também tem gente que se esconde. Gente que engana. Gente que fala que ama sem nem conhecer. Gente que insiste em bancar um personagem feliz nas redes sociais, enquanto tudo está em ruínas. Gente que posta foto do carro novo, da namorada nova, da TV recém-comprada, mas continua com idiotices antigas dimensionadas na superexposição de bens materiais.  
No desfecho chegam as insatisfações, com a “sem gracice” conhecida. Uma vida fabricada, com tanta falta de tudo, mesmo havendo tanto! Com uma tela aberta chamando uma conversa, enquanto na fala real falta vocabulário. E fica faltando um “quê”. Um sentido. Que precisa ser sentido na vida real. Não na virtual.

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