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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VIRTUDE - A corrente de mãos unidas

VIRTUDES

A corrente de mãos unidas

 

Havia um tempo em que correntes de várias finalidades, desde pedir amor, dinheiro e até bênçãos divinas, vinham por email. Agora, como se não bastasse, há gente que manda até por torpedo no celular ou posta lá no perfil da gente no Facebook. Aí vem aquele aviso amedrontador no fim dizendo para passar a mensagem para cinco, dez ou quinze pessoas em um tempo exíguo, para que seu pedido seja atendido e, claro, o mais importante: não quebrar a corrente, de jeito nenhum, “porque você vai ter muito azar”, “vai ficar sem dinheiro” e até “uma pessoa querida vai morrer”. Botam lá imagens de santos e no remetente qualquer assunto corriqueiro para que a gente abra a mensagem e não tenha escapatória. 
Definitivamente, não tenho mais paciência para estas coisas! Por vezes, fico pensando o que move tantas pessoas, inclusive amigos próximos, a perderem tanto tempo com estas bobagens. E me chateia que gente que nunca manda um “oi” acabe se mobilizando para encher o saco com estas pragas. Prefiro receber um email de bom grado, sabe. Aquele que te desperta uma surpresa. Quiçá uma ligação de gente que sentiu saudade, que pensou em nós e, por algum motivo, que não precisa ter explicação, decidiu escrever ou apenas ouvir a nossa voz.
E no meio de tantas coisas chatas que vêm com estas correntes, ouvi algo muito sábio de uma senhora de mais de 80 anos, moradora de um asilo. Minha amiga contadora de histórias, que, com um coração imenso se dispõe em levar cultura e amor a senhoras confinadas ao esquecimento de suas famílias, falava diante das velhinhas que as histórias caminham pelo mundo, mas que não caminham sozinhas. Elas precisam de alguém que as leve pelo tempo. Alguém que conte a história para outra pessoa e assim, sucessivamente. “É o que chamo de corrente humana”, manifestou-se, na plateia, esta senhorinha tão querida.
Pensei em tantas correntes humanas que poderíamos ter feito e não fizemos. E em como é bom segurar a mão de outra pessoa, e de outra e de outra. Sentir aquela energia que, geralmente, é boa quando se está irmanado no bem. Lembrei das correntes de oração que podemos fazer para quem está doente. Lembrei que podemos fazer um elo da corrente, mas que uma corrente inteira é tão mais bonita! Pensei em gargantilhas, em correntonas. E em tanto amor que podemos colocar nestes elos para espalhar luz, paz, esperança, solidariedade, fé. É disto que estamos precisando! Pois o mundo já está muito cruel. E as pessoas também estão ficando, perdendo os valores mais nobres da existência. Então, que haja no mundo, na nossa vida, correntes humanas arrebentando os grilhões do mal e fortalecendo os elos do bem.


Mônica Kikuti

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