VIRTUDE - A corrente de mãos unidas
VIRTUDES
A corrente de mãos
unidas
Havia um tempo em que correntes
de várias finalidades, desde pedir amor, dinheiro e até bênçãos divinas, vinham
por email. Agora, como se não bastasse, há gente que manda até por torpedo no
celular ou posta lá no perfil da gente no Facebook. Aí vem aquele aviso
amedrontador no fim dizendo para passar a mensagem para cinco, dez ou quinze
pessoas em um tempo exíguo, para que seu pedido seja atendido e, claro, o mais
importante: não quebrar a corrente, de jeito nenhum, “porque você vai ter muito
azar”, “vai ficar sem dinheiro” e até “uma pessoa querida vai morrer”. Botam lá
imagens de santos e no remetente qualquer assunto corriqueiro para que a gente
abra a mensagem e não tenha escapatória.
Definitivamente,
não tenho mais paciência para estas coisas! Por vezes, fico pensando o que move
tantas pessoas, inclusive amigos próximos, a perderem tanto tempo com estas
bobagens. E me chateia que gente que nunca manda um “oi” acabe se mobilizando
para encher o saco com estas pragas. Prefiro receber um email de bom grado,
sabe. Aquele que te desperta uma surpresa. Quiçá uma ligação de gente que
sentiu saudade, que pensou em nós e, por algum motivo, que não precisa ter
explicação, decidiu escrever ou apenas ouvir a nossa voz.
E no meio de tantas
coisas chatas que vêm com estas correntes, ouvi algo muito sábio de uma senhora
de mais de 80 anos, moradora de um asilo. Minha amiga contadora de histórias,
que, com um coração imenso se dispõe em levar cultura e amor a senhoras
confinadas ao esquecimento de suas famílias, falava diante das velhinhas que as
histórias caminham pelo mundo, mas que não caminham sozinhas. Elas precisam de
alguém que as leve pelo tempo. Alguém que conte a história para outra pessoa e
assim, sucessivamente. “É o que chamo de corrente humana”, manifestou-se, na
plateia, esta senhorinha tão querida.
Pensei em tantas
correntes humanas que poderíamos ter feito e não fizemos. E em como é bom
segurar a mão de outra pessoa, e de outra e de outra. Sentir aquela energia
que, geralmente, é boa quando se está irmanado no bem. Lembrei das correntes de
oração que podemos fazer para quem está doente. Lembrei que podemos fazer um
elo da corrente, mas que uma corrente inteira é tão mais bonita! Pensei em
gargantilhas, em correntonas. E em tanto amor que podemos colocar nestes elos
para espalhar luz, paz, esperança, solidariedade, fé. É disto que estamos
precisando! Pois o mundo já está muito cruel. E as pessoas também estão
ficando, perdendo os valores mais nobres da existência. Então, que haja no
mundo, na nossa vida, correntes humanas arrebentando os grilhões do mal e
fortalecendo os elos do bem.
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