VIRTUDES
Aurora…
Temo dizer o que sei ou o que sinto. E sinto não saber
dizer bem.
Alguma coisa consome por dentro.
Talvez a miragem de sonhos que cresceram e, de repente, se atenuaram nas
desventuras reais. Colossais.
Um sorriso está nas lembranças do
que nunca se viu, embora se tenha sempre procurado numa vertigem de sentimentos
ou numa aurora do acaso. Será que chegou trazendo consigo um amor embalado em
caixa de presente? Ah, não...
Caixas aprisionam. E o amor está
livre. No ar. Procurando uma paisagem. Uma sombra para se acomodar. Recolher.
Acolher.
Na aurora, o acaso não se desfigura.
Na aurora, a
luz resplandece. Chega com algo intermitente como as batidas de um ritmo
conhecido, pulsando em algum lugar do peito. Em algum lugar bem perto.
Não sei. Não
há quem diga.
Não diga.
Preciosos os
segundos à espera dela. Aurora. Aura. Áurea.
Conhecida e
tão surpreendente... Renovada na esperança.
Espero-te.
Mais uma
vez.
Amanhã.
Talvez.
Seja o dia.
Da sensatez.
Descoberta
nas vertigens.
Recoberta de sentimentos.
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