História
FOLCLORE
Folclore
O folclore (do inglês folk que é gente ou povo e lore que é conhecimento) é a tradição e
usos populares, constituído pelos costumes e tradições transmitidos de geração em geração.
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições,
que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato,jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas
e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo.
A UNESCO declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de
uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, e
é também uma parte essencial da cultura de cada nação.
Deve-se lembrar que o folclore não é um conhecimento
cristalizado, embora se enraíze em tradições que podem ter grande antiguidade,
mas transforma-se no contato entre culturas distintas, nas migrações, e através
dos meios de comunicação onde se inclui recentemente a internet. Parte do trabalho cultural
da UNESCO é orientar as comunidades no sentido de bem administrar sua herança
folclórica, sabendo que o progresso e as mudanças que ele provoca podem tanto
enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre.
História
O interesse pelo folclore nasceu entre o fim do século
XVIII e o início do século XIX, quando estudiosos como os Irmãos Grimm e Herder iniciaram pesquisas sobre a poesia
tradicional na Alemanha e "descobriu-se" a cultura
popular como oposta à cultura erudita cultivada pelas elites e pelas
instituições oficiais. Logo esse interesse se espalhou por outros países e se
ampliou para o estudo de outras formas literárias, músicas, práticas religiosas
e outros fatos chamados na época de "antiguidades populares". Neste
início de sistematização os pesquisadores procuravam abordar a cultura popular
através de métodos aplicados ao estudo da cultura erudita.
O termo folclore (folklore) é um neologismo que foi
criado em 1846 pelo arqueólogo Ambrose Merton - pseudônimo de William John
Thoms - e usado em uma carta endereçada à revista The Athenaeum, de Londres, onde os vocábulos da língua
inglesa folk e lore (povo e saber) foram unidos, passando
a ter o significado de saber tradicional de um povo. Esse termo passou a ser utilizado
então para se referir às tradições, costumes e superstições das classes
populares. Posteriormente, o termo passou a designar toda a cultura nascida
principalmente nessas classes, dando ao folclore o status de história não escrita de um povo.
Mesmo que o avanço da ciência e da tecnologia tenha levado ao descrédito muitas
dessas tradições populares, a influência do pensamento positivista do século
XIX contribuiu para dignificá-las, entendendo-as como elos em uma cadeia
ininterrupta de saberes que deveria ser compreendida para se entender a
sociedade moderna. Assim, com a conscientização de que a cultura popular
poderia desaparecer devido ao novo modo de vida urbano, seu estudo se
generalizou, ao mesmo tempo em que ela passou a ser usada como elemento
principal em obras artísticas, despertando o sentimento nacionalista dos povos.
Depois de iniciar e frutificar na Europa, o estudo do
folclore se estendeu ao Novo Mundo, chegando ao Brasil na segunda metade do
século XIX através dos precursores Celso
de Magalhães e Sílvio Romero, e aos Estados Unidos,
onde William Wells Newell, Mark Twain, Rutherford Hayes e um grupo de outros eruditos e
interessados fundaram em 1888 a American Folklore Society, que de imediato
iniciou a publicação de um jornal que continua em atividade até hoje, o Journal of American Folklore. A
contribuição dos folcloristas norte-americanos foi especialmente importante
porque desde logo suas pesquisas foram apoiadas pelas universidades e
adquiriram autonomia, definindo novas fronteiras metodológicas e lançando as
bases para a fundação do folclorismo como uma nova especialidade científica,
paralela à Antropologia.
O folclore na
sociedade contemporânea
Atualmente o folclorismo está bem estabelecido e é
reconhecido como uma ciência, a ponto de tornar seu objeto, a cultura popular
ou folclore, instrumento de educação nas escolas e um bem protegido
genericamente pela UNESCO e especificamente por muitos países,
que inseriram muitos de seus elementos constituintes em seus elencos de bens de
patrimônio histórico e artístico a serem protegidos e fomentados.1
Considera-se hoje o folclorismo um ramo das Ciências Sociais e Humanas,
e seu estudo deve ser feito de acordo com a metodologia própria dessas ciências. Como parte da
cultura de uma nação, o folclore deve ter o mesmo direito de acesso aos
incentivos públicos e privados concedidos às outras manifestações culturais e
científicas. Segundo Von Gennep,
“o folclore não é, como se pensa, uma simples coleção de fatosdisparatados e
mais ou menos curiosos e divertidos; é uma ciência sintética que se ocupa
especialmente dos camponeses e da vida rural e daquilo que ainda subsiste de
tradicional nos meios industriais e urbanos. O folclore liga-se, assim, à
economia política, à história das instituições, à do direito, à da arte, à
tecnologia, etc, sem entretanto confundir-se com estas disciplinas que estudam
os fatos em si mesmos de preferência à sua reação sobre os meios nos quais
evoluem...
Apesar de existir uma metodologia específica
para o estudo contemporâneo do folclore, já existe a consciência de que o
impacto dos novos meios de comunicação sobre as culturas, populares ou
eruditas, está a exigir uma reformulação nos conceitos e sistemas de análise.
Já não são raros os elementos do povo que usam gravadores, câmeras de vídeo,
internet ou outros meios de alta tecnologia para o registro e difusão das
manifestações folclóricas, tornando a delimitação do campo de estudo e a
caracterização do fato folclórico cada vez mais difíceis. Roberto
Benjamin,
presidente da Comissão Nacional de Folclore do Brasil em 2001, declarou que com outro processo
a merecer atenção é o da espetaculização das manifestações folclóricas pela
pressão dos meios de comunicação de massa e do turismo. Algumas das
manifestações tradicionais guardam a natureza de espetáculos, que têm sido
levados à exacerbação, convertendo-se em produto da cultura de massas. O
exemplo mais evidente é o do boi-bumbá de Parintins. Preocupante, porém, é o
caso de manifestações de natureza ritual, reservadas aos membros de comunidades
religiosas, que por seu exotismo estão sendo cooptadas para converter-se em
eventos de massa. É o caso das panelas-de-Iemanjá, convertidas em festivais
para turistas. Diante desse quadro, torna-se necessária uma nova postura
liberada dos preconceitos etnocêntricos, a reciclagem das técnicas de pesquisa
em trabalho interdisciplinar com a incorporação das contribuições renovadas das
ciências humanas e das ciências da linguagem, o uso de novas tecnologias e
equipamentos disponíveis".
Características
do fato folclórico
Para se determinar se um fato é folclórico,
segundo a UNESCO, ele deve apresentar as seguintes características: tradicionalidade,
dinamicidade, funcionalidade e aceitação coletiva.
·
Tradicionalidade, a partir de sua transmissão geracional,
entendida como uma continuidade, onde os fatos novos se inserem sem ruptura com
o passado, e se constroem sobre esse passado.
·
Dinamicidade, ou seja, sua feição mutável, ainda que
baseada na tradição.
·
Funcionalidade, existindo uma razão para o fato acontecer
e não constituindo um dado isolado, e sim inserido em um contexto dinâmico e
vivo.
·
Aceitação coletiva: deve ser uma prática
generalizada, implicando uma identificação coletiva com o fato, mesmo que ele
derive das elites. Esse critério não leva em conta o anonimato que muitas vezes
caracteriza o fato folclórico e que tem sido considerado um indicador de
autenticidade, pois mesmo se houver autor, desde que o fato seja absorvido pela
cultura popular, ainda deve ser considerado folclórico. Um exemplo disso é a literatura
de cordel brasileira,
geralmente com autoria definida, mas tida como elemento genuíno da cultura
popular.
Pode-se acrescentar a esses o critério da espontaneidade, já que o fato
folclórico não nasce de decretos governamentais nem dentro de laboratórios
científicos; é antes uma criação surgida organicamente dentro do contexto maior
da cultura de uma certa comunidade. Mesmo assim, em muitos locais já estão
sendo feitos esforços por parte de grupos e instituições oficiais no sentido de
se recriar inteiramente, nos dias de hoje, fatos folclóricos já desaparecidos,
o que deve ser encarado com reserva, dado o perigo de falsificação do fato
folclórico. Também deve ser regional, ou seja, localizado, típico de uma dada
comunidade ou cultura, ainda que similares possam ser encontrados em países
distantes, quando serão analisados como derivação ou variante.
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