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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

VIRTUDES - Gente que tem histórias

VIRTUDES


Gente que tem histórias 


Lembranças são necessárias. Não todas, é verdade. Há algumas que mais vale esquecer. E outras que faz bem lembrar. Elas fazem parte da vida, portanto, não dá para jogar tudo fora, limando o passado como se não tivesse havido histórias e tampouco personagens.
E há personagens por todos os cantos, que nos sorriem e nos descortinam um universo de vivências, causos dos mais hilários possíveis e aprendizados todos os dias. Talvez não estejamos atentos a eles o quanto deveríamos por estarmos tão conectados ao celular ou ao egoísmo da falta de partilha com os outros. 
Mas há oportunidades únicas. Um encontro com alguém a ser visto, talvez, uma vez na vida e só. Pronto. Entretanto, vez esta suficiente para que este alguém seja marcado só por algo que disse. Talvez por uma frase ou apenas uma palavra. Nobre palavra lembrada por anos a fio. Ah, e isto é um pouco do bem partilhado, soprado aos ventos diante de nós! Não dá para perder, ignorar, ser insensível.
Gosto de conversas e gosto da gente do dia a dia. Sim, da moça que serve o café, do rapaz que atende a mesa, do feirante que presenteia com um maço de hortelã fresquinha, porque agrados genuínos fazem bem... E toda esta gente tem sempre uma história. Algo único delas.
Numa destas conversas, minha amiga do café contou-me das peripécias no transporte público, das quedas no coletivo e da criatividade dos motoristas nas respostas aos passageiros. “Vai pela Dutra?”, perguntou. “Não, pela Disney”, respondeu o condutor. Ah, é preciso ter bom humor para aguentar o dia a dia no trânsito, né?
Tudo bem que tem os motoristas estressados, ignorantes. Mas não são todos. Tem um monte de gente do bem, que trabalha para valer, respeita os passageiros e o que é melhor: dirige com prudência. E há umas figuras impagáveis. Aqueles caras galanteadores, que não dispensam óculos escuros tipo aviador, e que ainda mantêm aquele velho costume de deixar a unha do mindinho maior que as outras para a “assepsia” diária, seja do nariz ou do ouvido. Vai dizer que nunca viu? Há, há, há.
Lembrei de um motorista da minha infância: o Juvenal. O “Juvena” não tinha boca para nada. Nunca ofendeu ninguém e aguentava um monte de crianças enchendo o saco, naquele ônibus velho e sempre lotado às 6h30. Era um motorista parceiro, daquele que vai devagar quando não te vê no ponto e que dá ré se te vê correndo para não perder o busão. E aí eu vejo que a gente precisa de mais coletividade, sabe. De mais apertos de mão e bom dia. Mais parcerias do bem. Porque assim teremos e seremos também boas lembranças. Para alguém ou para nós mesmos.

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