VIRTUDES
Automaticamente
Liguei o piloto automático.
Não
imaginei que tivesse um tão eficiente para me tirar da órbita que não convém.
Não senti os solavancos das
tristezas e das decepções.
Não
senti as emoções rotineiras.
Não
senti nada além do nada, que até então parecia muito.
Liguei
o piloto automático.
Não
queria dar respostas para as perguntas que me insistem em fazer.
Formulei
qualquer coisa para dizer, mesmo quando poderia limitar-me ao silêncio.
Depois
de um tempo, não sei se andava todo o tempo com o piloto automático ligado. Ou
se ele tinha estado desligado.
Não sabia quantificar. Qualificar.
Tudo era costume. O nada, o desapego.
O aconchego até então limitante.
Pensei nas vezes que não me atrevi
às emoções, porque talvez a chave mágica estivesse ligada.
Pensei nas vezes que não me
encontrava em mim, quando deveria estar.
Pensei
nas lidas automáticas, nas falas, nos abraços, nos sorrisos e na mediocridade
planejada de sempre.
O
piano tocava as mesmas notas. Conhecidas. Reconhecidas. Acostumáveis.
Por onde estive?
No
automático.
No
costume.
Nas perdas de um pouco de mim.
Automaticamente.
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