VIRTUDES
Diante? Adiante!
Ele me perguntou quem eu era. Levei um tempo até me
restabelecer...
Nem mal tinha a resposta e ele voltou a perguntar, talvez
com a sordidez de quem sabe o que está fazendo para atormentar. Foi mais
certeiro e desta vez, percebendo minha aflição, inquiriu o que eu estava
sentindo, o que era a vida para mim. De novo, me senti pressionada e confusa.
Antes mesmo que eu pudesse raciocinar para dizer algo, ele se antecipou em rir.
Rir de mim. Uma risada que era um esculacho interminável.
E tudo em mim parecia um equívoco desconcertante e cruel.
Como ele sabia o que eu não sabia? Ou o que eu não poderia dizer?
E aquela risada, como o medo que cultivamos do desconhecido,
se apoderava dos sentidos.
E ali, diante de mim, com todas as armas estava ele. Poderia
me apunhalar, se quisesse. Mas, sei que nunca o faria pelas costas. Ele me olhava
no olhos, enquanto eu pensava em contos de fadas, afinal, era preciso o meu
humor: "espelho, espelho meu..."
Aí aquela risada se
aquietou. Nos olhamos em silêncio, com uma admiração recíproca. Eu e ele. Ele
que era eu. E eu que era ele.
"Adiante!", dissemos um para o outro, com uma
cumplicidade ímpar. E nos acolhemos nos nossos recônditos para silenciarmos nas
nossas respostas íntimas. Que poderiam demorar um pouco. Mas, seria o
tempo que bastasse. Bastasse para mim. Diante de mim mesma. E eu só poderia
dizer-me "Adiante"... sem parar... numa busca sôfrega e verdadeira.
Numa busca toda minha. Incansável e apaixonável.
http://cabecaliberta.wordpress.com/2013/07/08/diante-adiante/
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