VIRTUDES
ENTRE DÚVIDAS E CERTEZAS
Houve um dia em que tudo em mim era
certeza.
Mas o dia durou pouco, como todos os outros.
Esperei o amanhecer das certezas, mas elas adormecem quando
não podem.
Não estão quando a gente procura.
Fazem-se indispostas. Indisponíveis.
Elas tiram férias, faltam no serviço. Descomprometem-se de
repente. E parece que continuamente dão lugar às dúvidas.
Tentei plantar uma árvore de certezas, destas que a gente
pega um fruto e prova. Saboreia e a cada nova bocada tem mais certeza dentro de
si.
Mas árvore de certeza não dá em qualquer canto.
Precisa trabalhar muito o terreno.
Abrir caminhos.
Transpor latifúndios de dúvidas.
E quando a gente acha que vai vingar, ela some como o vapor
das emoções mais alegres da vida.
As certezas rareiam enquanto as dúvidas brotam como pragas.
E a gente vive tirando uma dúvida ali, outra acolá.
Para trazer ao campo da visão muito mais certeza para
viver, embora haja tanta incerteza na vida e em todo instante.
Entre dúvidas e certezas não posso escolher.
Tenho dúvidas.
E tenho certezas.
Que acabam quando outras novas chegam.
E é todo incerto o nosso caminhar.
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