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segunda-feira, 25 de maio de 2015

VIRTUDES - O coração só bate na pulsação

VIRTUDES
Leitura
   O coração só bate na pulsação
  
   Talvez todo mundo tenha perdido a cabeça uma vez na vida, feito algo sem pensar ou mesmo dito palavras que machucam. E é na cabeça que existem tantas de nossas sentenças, muitas vezes cruéis e insanas, convertidas em feridas abertas, que poderiam ser cicatrizadas só com uma coisa: a compaixão.
A compaixão não é fácil, mas parece que nos dias de hoje ela tem se tornado cada vez mais intangível, porque ninguém quer dar o braço a torcer. Quer é torcer o braço (do outro)! Há uma violência embutida em tudo. Uma violência em mostrar-se superior, em arrancar sangue, em espancar, em fazer valer seus valores desvalorizando tudo o que poderia ser componente de compreensão e de dignidade.
Há uma semana ouvi uma história que me bateu doído, como uma agressão desconhecida, daquelas que não se tem notícia na gente. Era uma história de amor, daquelas bonitinhas de adolescentes, mas por causa dos personagens envolvidos virou enredo de quase tragédia (ou pode virar ainda, não sei). Era o amor de duas meninas. A escola chamou as mães, uma bancada de professores. Todo o mundo apontando o dedo, julgando, só porque elas estariam “namorando”. Uma escola onde o preconceito bate cartão. Onde se espanca com palavras, mas onde os desordeiros – aqueles que batem em professor, agridem os coleguinhas, coordenam uma horda do mal – passam impunes e viram celebridades.
A menina mais velha, após chegar em casa, arrasada em saber que vai ter que mudar de escola – sim, porque não pode mais ver a outra –, teve de enfrentar o crivo da mãe e da avó enfurecidas. Foi chutada. Estapeada. Agredida em todos os gêneros, números e graus. “Você vai ter que aprender a ser mulher!”, gritavam elas, enquanto lhe batiam, naquelas torturas que muitos homossexuais já viveram e boa parte das pessoas acha “normal”. E como é que se aprende a ser mulher? Batendo? Apanhando? Rejeitando uma verdade que não se escolhe?
E a flor aqui do lado, amarela, é o símbolo da delicadeza das coisas, da sutileza e de tudo o que é tão lindo diante de nós. Portanto, uma oração para quem bate. Uma oração para quem apanha. Uma oração para quem não sabe o que é perdão, compaixão, entendimento. Porque o amor só bate na pulsação do coração. Só. E nada mais. Que esta seja a nossa batida, porque agressão não faz um mundo melhor, nem seres humanos melhores, por causa de orientação sexual.
Mônica Kikuti
        
                                          

                                         

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