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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

VIRTUDES - SUSPIRO...


VIRTUDES
SUSPIRO
A porta vermelha estava entreaberta. Havia ali uma esperança. Havia uma chama que teimava em não apagar.
Pela fresta enxergava um mundo novo. Uma luz de girassol. Folhas amarelas para cultivar. Nada para desfolhar.
Havia uma voz de tom forte. Frases ritmadas naquela esperança acesa e precedida de todas as coisas que se sente.
O suspiro, apenas um, talvez o final, empurrou a porta vermelha. E ela se fechou, como um dia e por tanto tempo, tinha estado.
A inconformidade não é solução. Não apaga a luz. Não desfolha o girassol. Não derrama a água do vaso.
Talvez o desaviso, a falta de destreza, a estação que termina para a outra começar. Talvez tudo isto esteve no suspiro que foi tão forte como nunca tinha sido.
O medo de a porta não abrir de novo parecia acomodar-se ao lado do batente, sustentando a fechadura, mesmo que não houvesse sequer uma chave.
Se há de um suspiro fechar, há também um suspiro para abrir.
Lá de dentro, mesmo que a esperança estivesse cansada, inflou-se. A luz se uniu àquela chama e a voz forte, por fim, teve coragem. E todos juntos suspiraram por dias melhores, por um amor de verdade, por mais acertos do que erros, por mais bom dia e beijo na mão, por frio na barriga e quentura de coração. Por deitar e levantar. Por curvar e agradecer. Por amar sem exigir nenhum suspiro sequer.

 M. Kikuti

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