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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

VIRTUDE - INDECIFRÁVEL

VIRTUDES

porque ele é indecifrável

Pingos de chuva tocaram-lhe a face. Injustas, molhavam as inspirações que esperavam por um dia de sol.
Sob o guarda-chuva estavam escondidas ideias, pensamentos vis. Fantasias. Sob um dia gris.
Um desejo anterior, mostrava um rosto esculpido numa lembrança distante. Um sorriso enigmático perdido no tempo passado.
Uma lembrança fugaz, desfeita nas preocupações de amores que poderia ter ou que deveria ter tido. Uma lembrança desfeita nas preocupações do tempo que passava implacável, com o ônus das muitas coisas por fazer.
Aquela chuva continuava a desanuviar pensamentos, embora seus pingos fossem tão sutis.
Um cheiro molhado invadia-lhe, enquanto caminhava a passos lentos, diante de um turbilhão de pensamentos e orações semi-feitas, recomeçadas a cada minuto, após distrações da mente. Inclementes.
O acaso voltava a molhar-lhe. Como se chovesse nas expectativas, por um tempo tão esperadas.
Mas, o acaso não tem dia. Não tem tempo. Não faz chuva. Não faz sol.
Não dispensa guarda-chuva ou confissões sussuradas pelo vento.
Desejos perdidos na morbidez de atitudes.
Ou no desastre do acaso, que não quer que a paixão se aproxime, ou intimide com os medos reconhecidos.
Embora, faltasse apenas paixão para aquele turbilhão de pensamentos.
Turbilhão que se molhava à espera de um sorriso do acaso. De um sorriso daquele caso... de amor não correspondido.
De um amor ou de um desejo que não se espera.
Acontece.
Como a chuva.
Que molha e uma hora acaba.
Mas, de uma hora para outra, pode voltar.
Inesperadamente.
Molhando tudo.
De novo.

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