LEITURA
GOTEJO E DEVASTO
Observo um gotejamento de emoções. De pouco
em pouco, eu sinto muita coisa. E ainda não sei explicar pra mim mesma.
Desenho
no papel, brinco com minha caligrafia, com minhas tintas, minhas cores, com
meus anseios. Fora de mim, tudo está tão calmo... As flores sob a mesa me dão
saudade dos meus vasos floridos, das minhas escolhas de todas as
segundas-feiras. Ah, muita coisa mudou! Eu mudei.... e tantas vezes que perdi
as contas, mesmo sem nunca ter contado.
De
repente, eu me sinto num vulcão. As emoções explodem. Sinto que são expelidas
de mim, de uma forma incontrolável, tantas emoções descontinuadas. Alguém me
observa, me lê no escuro. Eu me observo e vejo graça. E me desgraço também.
Ainda
consigo rir mais. Rir mais de mim, das minhas pseudo-tragédias continuadas. Ah,
eu estou voltando às minhas raízes, embora tão transformada comigo mesma! Meu
sabor agridoce renasce. Meu cheiro é diferente. Exalo um novo aroma com minhas
notas e sinfonias tão maravilhosamente envolventes.
Algum
cheiro se perdeu por aí. E eu nunca mais vou encontrar, porque quero mantê-lo
perdido. Fugidio, sem paradeiro, desconcertando olfatos específicos.
Eu me
vingo cada dia mais e me embrenho nos vincos da minha própria trajetória. Daqui
a pouco, nada mais disto importa. Vou pra página dois. Vou pro livro da lava
que devasta. Que me queima, que me consome, com as palavras que eu ainda não
pude dizer.
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