LENDAS
SACI
PERERÊ
O saci, também conhecido
como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê, matita perê,saci-saçurá e saci-trique, é uma personagem
bastante conhecida do folclore brasileiro.
Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região
das Missões, no Sul do
país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro.
"Saci" é oriundo do termo tupi sa'si .
"Matimpererê" é oriundo do termo tupi matintape're.
A figura do saci surge como um ser
maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns
ao sul.
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos
dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de cachimbo e, da mitologia europeia, herdou opíleo,
um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo. Trasgo é um ser encantado do folclore
do norte de Portugal,
especialmente da região de Trás-os-Montes.
Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem
poderes sobrenaturais.
O saci é um negro jovem de uma só
perna, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos.
Sobre este último caractere, é de notar-se que, já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satiricon, que o píleo conferia
poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.
Considerado
uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo
pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes
noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem
localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de
deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras,
fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de
açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.
O
mito existe pelo menos desde o fim do século
XVIII ou começo do XIX.
A função desta
"divindade" era o controle, sabedoria, e manuseios de tudo que estava
relacionado às plantas medicinais,
como guardião das sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, beberagens e outros medicamentos
feitos a partir de plantas.
Como
suas qualidades eram as da farmacopeia, também era atribuído, a ele, o domínio
das matas onde guardava estas ervas sagradas, e costumava confundir as pessoas
que não pediam a ele a autorização para a coleta destas ervas.
O primeiro escritor a se voltar
para a figura do saci-pererê foi Monteiro
Lobato, que realizou uma pesquisa entre os leitores do jornal O Estado de S. Paulo. Com o
título de "Mitologia Brasílica – Inquérito sobre o Saci-Pererê",
Lobato colheu respostas dos leitores do jornal que narravam as versões do mito,
no ano de 1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra O Saci-Pererê: resultado de um inquérito,
primeiro livro do escritor. .
Mais
tarde, em 1921, o autor voltaria a recorrer ao personagem, no livro O Saci, seu segundo trabalho
dedicado à literatura infantil.
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