VIRTUDES
A solidez que se liquefaz
Durante uma vida inteira
buscamos a solidez em tudo. Queremos relacionamentos sólidos, concretos. Uma
saúde imbatível. Uma fortaleza inquebrantável diante dos maus bocados aos quais
estamos suscetíveis quase todos os dias. Queremos tão poucos percalços que
seria melhor vivermos dentro de uma redoma, embora tantas de nossas proteções
sejam tão frágeis e infantis.
De uma hora para outra, quando não nos sentimos preparados, a perenidade do que acreditávamos vira a fugacidade descomprometida. Relacionamentos outrora sólidos se liquefazem, fogem das mãos, trazendo angústias e aquele buraco no peito que ninguém quer sentir um dia. A fortaleza com que combatíamos as agruras do destino rompe-se, tijolo por tijolo, deixando-nos expostos à fragilidade que gostaríamos de esconder.
E tudo que era sólido se liquefaz, mostrando forças que pensávamos poder controlar. Liquefeitos viram os sentimentos perdidos no visgo. Convertendo-se em lágrimas, sangue. Gelo derretido no copo de alguém. No nosso copo.
Sonhos e desejos tão sólidos viraram vertigens no descomprometimento diário de deixar tudo em segundo plano. No plano B da vida, quando já não há alternativas, a não ser agir. Mudar. Transformar. Solidificar de novo, mas se preparar, com atenção, para a tempestade das emoções que não se esperam. Que chegam tirando tudo o que achávamos importante. Até que num momento de brandura, a visão – outrora distorcida – nos faz enxergar que aquilo tudo era tão líquido, como a enxurrada que subia na calçada, molhando os pés dos desatentos. Já é hora, portanto, de não nos molharmos mais com o que se liquefez. É, sim, a hora de liquidar o que não vale a pena e comprometer-se, de fato, com o que há de sólido no dia de hoje, pois o amanhã ainda está tão longe! Aliás, a nossa palavra pode ser tão sólida, mas pode se liquefazer em segundos, quando não nos empenhamos de fato, quando justificamos que falta tempo, mas, na verdade, falta comprometimento. Não nos comprometemos conosco e tampouco com os outros. Dizemos que vamos ligar e não ligamos. Prometemos doações e não fazemos. Dizemo-nos caridosos, mas não fazemos nada pelo próximo. O ano está acabando e talvez tantos de nossos sonhos tenham ficado no Plano B, se liquefazendo aos poucos pelo esquecimento matutino e o descomprometimento que anoiteceu tudo.
Ainda há tempo de ser diferente hoje e liquefazer o que não faz bem. Tirar tanta solidez do próprio coração, convertendo-a em sentimentos que ali deveriam estar sempre solidificados na certeza de que o amor faz a diferença.
De uma hora para outra, quando não nos sentimos preparados, a perenidade do que acreditávamos vira a fugacidade descomprometida. Relacionamentos outrora sólidos se liquefazem, fogem das mãos, trazendo angústias e aquele buraco no peito que ninguém quer sentir um dia. A fortaleza com que combatíamos as agruras do destino rompe-se, tijolo por tijolo, deixando-nos expostos à fragilidade que gostaríamos de esconder.
E tudo que era sólido se liquefaz, mostrando forças que pensávamos poder controlar. Liquefeitos viram os sentimentos perdidos no visgo. Convertendo-se em lágrimas, sangue. Gelo derretido no copo de alguém. No nosso copo.
Sonhos e desejos tão sólidos viraram vertigens no descomprometimento diário de deixar tudo em segundo plano. No plano B da vida, quando já não há alternativas, a não ser agir. Mudar. Transformar. Solidificar de novo, mas se preparar, com atenção, para a tempestade das emoções que não se esperam. Que chegam tirando tudo o que achávamos importante. Até que num momento de brandura, a visão – outrora distorcida – nos faz enxergar que aquilo tudo era tão líquido, como a enxurrada que subia na calçada, molhando os pés dos desatentos. Já é hora, portanto, de não nos molharmos mais com o que se liquefez. É, sim, a hora de liquidar o que não vale a pena e comprometer-se, de fato, com o que há de sólido no dia de hoje, pois o amanhã ainda está tão longe! Aliás, a nossa palavra pode ser tão sólida, mas pode se liquefazer em segundos, quando não nos empenhamos de fato, quando justificamos que falta tempo, mas, na verdade, falta comprometimento. Não nos comprometemos conosco e tampouco com os outros. Dizemos que vamos ligar e não ligamos. Prometemos doações e não fazemos. Dizemo-nos caridosos, mas não fazemos nada pelo próximo. O ano está acabando e talvez tantos de nossos sonhos tenham ficado no Plano B, se liquefazendo aos poucos pelo esquecimento matutino e o descomprometimento que anoiteceu tudo.
Ainda há tempo de ser diferente hoje e liquefazer o que não faz bem. Tirar tanta solidez do próprio coração, convertendo-a em sentimentos que ali deveriam estar sempre solidificados na certeza de que o amor faz a diferença.
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