VIRTUDES
Quase
Quase perdi a hora. Não tenho tido tanto tempo quanto
gostaria. Talvez por não saber como usá-lo bem.
Quase
perdi a hora. A hora de dizer "chega". Mas, não sei se foi tarde
demais.
Quase
perdi a hora. A hora de dizer "chegue". Talvez não tenha adiantado
nada.
Quase
perdi tanta coisa. Mas, foi só quase. E sempre quase.
Pensei
em todos os "quases" que chegaram.
Todos
os "quase" finais felizes. As "quase" contratações nos
melhores empregos, as "quase" viagens que não deram certo. Os
"quase" amores que sumiram e que não eram nada daquilo que se
pensava. Tudo era "quase". Quase certo. Quase errado. Quase. Por
pouco. Por uma fração idiota, porém tão significante.
Era
um quase que machucava. Que desestabilizava. Justamente por ser quase. Quase
verdade.
E
por alguns momentos a vida inteira parece no limiar do quase. Do quase certo,
incerto. Vívido, morto. Do quase estilhaçando desejos, fazendo o jogo do
destino, as crueldades que o ego impõem, no quase sem limite.
E muitas vezes somos quase tudo. Somos quase legais,
quase competentes, quase amorosos, quase honestos, quase fiéis, quase tudo um
pouco. E o quase pode ser tão nefasto, tão improdutivo, sarcástico.
Não sei bem. Talvez quase saberia. Mas, por algum
motivo, por vezes é melhor não saber de tudo. Quase saber é ruim. Pior que não
saber de nada.
E
quase sentir é tão ruim. Melhor sentir alguma coisa. Nem que seja remorso. Por
ser quase. Quase amor. Quase dor. Quase tudo o que se queria. Quase...
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