LEITURA
UMA ERUPÇÃO
Inútil tentar remar contra a maré. Tentar
ser o que não se pode. Tentar sentir o que não se quer. Tentar transformar-se
quando não é preciso.
Pensei
no vulcão que, enquanto está adormecido, não traz perigo. Permanece ali meio
esquecido, embora sempre haja um pequeno temor de que ele volte a se
manifestar. De que volte a arrasar tudo com aquela lava fumegante que, por mais
que seja fatal, traz um espetáculo único diante dos olhos.
Muitas
de nossas emoções ficam adormecidas por um tempo. E estão tão esquecidas que
parecem mesmo que não irão se manifestar, mesmo com a ação do tempo e das
intempéries que passam diante de nós.
Mas,
uma hora, de repente, não sabemos como, algo se inflama. Alguma coisa acontece
e, por mais que busquemos respostas, elas não dizem nada do que queremos mesmo
saber.
Se
tudo que avassala pode ser uma erupção, que os sentimentos bons, as boas
sensações, desabrochem de dentro para fora. Que elas possam ser intensas, mas
que não queimem e machuquem. Que sejam erupções de ânimo, de amor, de desejos
bons. De conquistas gratuitas, mas verdadeiras.
Mais
erupção. Mais emoção. Mais vulcões acordados do que dormentes...