VIRTUDES
SINTO FALTA
A pergunta que me faço é a resposta
que não diz.
Nos presságios, as inconstâncias
turbulentas do muito o que sentir.
Me oferecem um copo. O álcool não
traz à tona as recordações esperadas.
Nem nada mais forte a sentir.
A brisa passa rápido como as imagens
na mente entorpecida.
Já não há mais idade para perder
tempo.
O gelo derrete como os anseios
juvenis e se mesclam à incompletude.
Não sinto mais o gosto. Nada dura
como antes.
Queria atravessar a ponte. Observar
a água e o voo das gaivotas.
Sinto falta do frio, do vento. De
novidades.
Por onde estive e por que não
permaneci?
O gelo continua derretendo com uma
velocidade implacável.
Falta doçura, talvez.
Falta algo no copo. Que não seja
gelo. E nem álcool.
Falta conteúdo.
Falta um pouco de si mesmo.
Com açúcar, memórias.
Com novidades.
Com tudo de novo, mas tudo
diferente.
Sempre.
Mônica Kikuti