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segunda-feira, 25 de maio de 2015

VIRTUDES - EM NOTA

VIRTUDES
Leitura

EM NOTA
   
  Abri o livro das lembranças. Página 253.
Uma parte estava em branco. Outra estava borrada, ilegível, embora houvesse vaga recordação.
Havia, porém, uma nota de rodapé, que li precisamente: "Tudo foi providencialmente apagado, porque você não precisa destas memórias".
Verdade! E esta verdade não doeu como várias daquelas que não se ousa saber – ou ouvir de desavisados.
Talvez fosse cruel demais apagar, assim... Mas, há crueldade em tantas coisas...
Lembrei dos escritos jogados no fogo, nas fornalhas do esquecimento. E aqueles que foram mesmo consumidos, rasgados, porque não significavam mais nada do que frustrações, frases que já não tinham mais interlocutor, já não tinham mais um destinatário. Um destinatário talvez ainda vivo na memória ou morto pelas intercorrências providenciais. Tudo se julga, se condena... Deveria ser assim?
As penas de nanquim estavam inutilizadas, embora eu sempre achasse que haveria um romantismo nas letras góticas que deveriam ter sido esculpidas alí. Deveriam mas não foram. E se não foram houve um motivo.
E se houve um motivo para não ser, também houve o "para ser".
Retomei o olhar na Página 253. Quanto tempo haveria passado?
Já não sei mais quantificar.
Quiçá a próxima página norteie um pouco.
Mas, ainda não sei se quero abrí-la.
Talvez a 325.
Número ímpar. Para emoções ímpares.
Mônica Kikuti
                      
                            

                                         

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