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quinta-feira, 30 de abril de 2015

VIRTUDES - VÉRTIGO

Virtudes
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VÉRTIGO
Lá fora a lua sorria.
Para todo mundo ver.
Mas, os desmerecidos nunca a viram sorrir.
Talvez nunca a tenham visto com sentimento.
Deslumbramento.
Pausado no tempo.
Aqui dentro, muitas coisas já não são como antes.
Elas sorriem.
Deslumbram-se com o menor contentamento.
Mesmo quando uma túnica da vertigem recobre os pensamentos.
Coisas extremas dão tontura.
Tonteira.
Porque não são rotineiras.
E não devem ser.
Entorpecem pela singeleza do desconhecido.
Rompem.
Irrompem novas emoções.
Assim.
Como vertigem.
Mas, sensações reais.
Vertiginosamente.
Reais.
M. KIKUTI

                                                  
                                        


VIRTUDES - O VERDADEIRO REFLEXO

Virtudes
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O VERDADEIRO REFLEXO
Há dias em que a gente se olha no espelho e é difícil se reconhecer. Parece que não somos quem somos. Talvez por conta do tempo, das nossas perspectivas minadas ou daquela velha maneira de fazer tudo igual, mesmo sabendo que não há o efeito desejado.
Diante do nosso reflexo, com tantas indagações internas, nos perdemos em nossa aparência exterior. Enxergamos rugas a mais. Uma espinha tilintando no meio da testa. Um olhar abatido ou uma olheira de panda que insiste em permanecer. Nem maquiagem, massa corrida, creme ou qualquer disfarce parece ter poder de dar uma amenizada. E o horror se aconchega ainda mais dentro da gente, abraçando o pessimismo com aquela afinidade conhecida e que poucos de nós têm coragem de admitir.
Nem todos os dias são fáceis e divertidos como deveriam ser, é verdade. Há momentos em que a gente se perde no cotidiano das coisas que incomodam. São os altos e baixos. A inconstância que, vez por outra, reaparece, trazendo consigo o propósito de acender uma luz amarela: é preciso ter atenção. Atenção a si mesmo, já que vivemos numa vida tão abarrotada de “metas” quase impraticáveis que acabamos nos esquecendo – e tampouco tendo consciência – dos nossos verdadeiros anseios. E pior: esquecemo-nos de agradecer pelo que temos, enquanto perdemos tempo lamentando pelo que gostaríamos de conquistar.
A vida diária se trilha a partir do presente, com uma intenção no futuro. Guardamos as memórias do passado, é verdade, e muitas delas, porém, são nocivas quando ganham o poder de desestabilizar o tempo presente.
Medo e desilusão embalam o presente, quando a esperança, a determinação e o transcendental deveriam rechear o dia a dia de novas experiências e um sentido de conforto único. Um conforto que a gente alcança dentro de nós quando enxergamos mais além, quando encontramos, de fato, quem somos. E isto não está retratado somente no reflexo da nossa imagem num espelho. Está retratado no reflexo do que sentimos e expomos. No reflexo das escolhas, das atitudes, das palavras. No reflexo dos nossos relacionamentos e de um círculo virtuoso que gira, revivendo-nos em nós mesmos.
Encontre-se. E não se perca. Descubra-se. E cubra-se de amor. Porque nosso verdadeiro reflexo é único e o mais maravilhoso de todo o existir!
M. KIKUTI

                                                  
                                        


virtudes -QUE HAJA

Virtudes
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Que haja
Que a vida seja intensa.
E que a felicidade não seja pretensa.
Que haja amor verdadeiro.
Daquele, por inteiro.
Que não haja finitudes.
Que haja, sim, amplitudes.
De tudo o que se acredita.
De tudo o que se sente.
Neste tempo presente.
Que haja bom dia.
E todos os dias bons.
Que haja voz no telefone.
E alguém para dizer teu nome.
Com a ternura que se espera.
Como sempre se quisera.
Que haja mais amém.
Para você e para mim também.
Que haja riso fácil.
Histórias para contar.
Abraços para compartilhar.
Lágrimas para secar.
Que haja o hoje.
Com a eternidade de cada instante.
Desta vida, é verdade.
Sempre.
Deslumbrante.
M. KIKUTI

                                                  

                                         

VIRTUDES - ERA

VIRTUDES
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ERA
Era noite.
Destas em que se espera uma novidade.
No céu, não se vê estrela.
Não se vê nada, além de névoa.
Desta que inunda. Que povoa.
Que a sorte talvez se anuncie.
No meio do que não se vê.
Quem diria...
Era dia.
Destes que tem chuva fina.
E vento gelado.
Fila de espera.
Descida e subida.
Atordoamento.
De sentimento.
Era vermelho estampado.
O lenço no pescoço.
Cadê teu rosto?
Era palavra.
Não dita.
Reflita.
Uma vez.
Na próxima.
Vez.
Mônica Kikuti
                                                  

                                         

VIRTUDES - VOLTA

VIRTUDES
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VOLTA
O céu estava rosa como as flores de manhã.
O café na mesa à espera do primeiro gole.
Amargo.
O sorriso emoldurado era só retrato.
Descolorido.
O lago reluzia o reflexo do dia.
Quem veria?
Nos passos rápidos, um caminho trilhado.
Distante do conhecido.
Distante de si.
Toque um fá.
Dê ré.
Volte uma hora.
Não vá embora.
Não agora.
Meia volta.
Volta.
Mônica Kikuti
                                                  

                                         

VIRTUDES - PRA GIRAR O MUNDO

VIRTUDES
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PRA GIRAR O MUNDO
Tenho meia hora ou um minuto.
Vou girar o mundo.
Transformar o que é meu.
Dizer o que até então não deu.
Eu poderia ter dito tanta coisa...
Mas, não quis.
Eu poderia ter escrito.
Mas, me fugiu. Sumiu.
Retirei a exatidão das coisas.
Coloquei um pouco de magia.
Para girar o mundo.
Abri a porta e deixei a inconformidade sair.
Libertei lembranças do calabouço.
E expulsei o que era demais.
Não dá para girar o mundo com tudo isto junto.
Acionei as alavancas da motivação.
Abri as janelas para o vento soprar. Me assoprar.
Para girar o mundo.
Para ser o mundo.
Para ser.
No mundo.
Mônica Kikuti
                                                  

                                         

VIRTUDES - À PORTA

VIRTUDES
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À PORTA
À tua porta, bati.
Esperei o tempo passar para ver se eu poderia entrar.
A vida se descortinava sinuosamente enquanto as emoções faziam um paralelo dentro do peito.
Posso entrar?
Não toquei campainha, apenas bati. E a hora, urgente, nunca chegou, embora eu tenha esperado até hoje.
Na ante-sala dos sentimentos e das expectativas frustradas, algo se desconstruiu, algo se reconstruiu e uma nova brecha se abriu.
Há amor ainda. Amor para partilhar.
Amor para grudar na porta e amortecer cada batida.
Que eu ainda faço.
Na porta.
Mônica Kikuti