VIRTUDES
COMUNGUE MAIS
Ter contado com a natureza não é algo
tão fácil diante de um mundo de concreto cada vez mais sólido e da falta de
tempo que é resposta recorrente na vida moderna. Porém, é justamente nesta
experiência de comunhão com a natureza, como dizem os gurus, que se experimenta
a magnitude dos instantes e de todas as coisas. A observação nos traz uma
sensação única de pertencimento ao universo, que deveria fazer parte de cada
segundo de nossas vidas.
Há quanto tempo você não observa uma
planta, não toca uma árvore, não escuta o barulho de um riacho ou mesmo o canto
de um pássaro? Talvez tenha tido esta experiência há tanto tempo, que já não é
capaz de se lembrar. A vida é corrida, é verdade. Mas, podemos dedicar uma
fração do nosso tempo, mesmo que seja pouca, cinco, dez minutos, para ter esta
comunhão. É muito improvável que não exista uma obra da natureza para ser vista
e sentida na vida da gente, no dia a dia. Se não tem, bote um vaso de flor na
sua mesa e a observe todos os dias. Esta observação se transforma e nos transforma.
As aves me encantam, não só porque
podem voar, mas porque têm uma delicadeza quando se movimentam, seja no ar ou
na terra, e ao cantar. Gosto da agilidade do beija-flor, da cor translúcida,
daquela sua pequenez magistral. Gosto de coruja, do sabiá, do João de Barro e
tantos outros que eu nem sei de qual espécie são. E os que não conheço sempre
me surpreendem!
Duas imagens estão na minha memória.
Em uma delas, dois pássaros se refrescavam numa poça d’água. E não era um banho
qualquer: aquela água era da chuva, que há tempos não molhava o chão. Era
nítido o contentamento deles. E eu só pude perceber, porque me fiz presente.
Observei, em silêncio. Parei e deixei que tudo parasse também. E aquilo trouxe
alimento para os olhos, para a alma. Comunguei.
Na outra imagem, destes dias, vi um
pássaro buscando algo no chão, que talvez pudesse servir de alimento. E aí,
surpreendentemente, o vi coletando folhas para seu ninho. O trabalho era árduo.
E não era de primeira que ele conseguia fincar o bico entre as folhas. Para
acertar, teve que tentar ao menos dez vezes. Ele se mostrava incansável, porque
tinha um objetivo. Quantas vezes não nos damos por vencidos já de primeira?
Nesta nova comunhão, a natureza me mostrou o quão perfeita ela é, o quanto
podemos aprender com ela e o quanto precisamos desta energia vital.
Comungue mais. Reverencie a natureza
e aí sinta o Deus que habita em você. Sinta esta sabedoria universal. E não
desista. Siga. Sempre em comunhão com o bem, com o universo e consigo mesmo!
Mônica Kikuti