VIRTUDES
De fora
Saio um pouco para ver
o tempo. Ergo o olhar e dali se anuncia um novo dia. Uma luz diante dos olhos,
energizando uma vida inteira.
Recomeço
as andanças pelo lado de fora. De fora de mim.
Deixo
a inconstância daqueles pensamentos. Eles passam como chuva de verão, mas
deixam aquele cheiro de passagem que a gente nota como um aroma conhecido.
Deixo
as expectativas feitas e desfeitas (a todo o momento) descansando em banho
maria. "É melhor para elas", digo a mim mesma, lançando-as todas a um
descaso que pouco se faz uso.
A
luz se abranda assim como os meus sentimentos: de fora tudo é mais fácil, não
é?
Ninguém
nunca viu nada igual: eu não sou normal.
E daí?
A
poeira sobe. Não vejo nada mais do que ela. E tudo paira sobre mim. Sem fim.
Mas,
quando se está fora, tudo é mais fácil, até de controlar.
Do
novo facho de luz, voltamos a ser o que éramos. Eu e eu. Sem ninguém do lado de
fora.
E
por dentro tudo é conhecido, embora sempre que saio para dar uma volta, algo
está diferente. Talvez arrumado. Talvez desarranjado.
Mas
cada volta é a certeza de que estamos mais completos juntos do que separados.