VIRTUDES
Leitura
O CARCEREIRO!
O medo fazia frio, aquietando
sentimentos calorosos em pleno inverno.
O medo era vento gelado aniquilando a
paixão juvenil em tempos de maturidade.
Dos amores de inverno, não houve
nenhum.
Foram todos sequestrados para as
prisões do “improvável”, na cela ao lado do “impossível”, onde não havia
cadeado nem tranca.
Com olhar impiedoso, o medo era o
carcereiro cruel e incansável. Não dormia. Estava sempre à espreita de qualquer
ameaça de fuga, embora os amores fossem tolhidos todos os dias um pouco mais.
Inseguros, pouco lhes restava.
Amores sufocados pelo medo. Amores que
não tinham outra chance a não ser entregarem-se à finitude, à transformação
(equivocada) em vazio. Em gelo no frio, diante da cálida certeza do que
poderiam ter sido.
Sob a esganadura da hipótese, os
amores eram torturados. E o medo era o regozijo que esperava-se dos amores de inverno,
de verão, primavera ou outono. Ou de uma vida de estações, onde os amores
sempre tinham sua temperatura, cor e valor, independente das intempéries a que
estavam expostos.
O medo é a pior exposição. É a pior
estação para qualquer amor. Sem segunda chance, nem salvo conduto. Sem
julgamento. Mas com sentença de morte. Sem sorte...
Mônica Kikuti
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