VIRTUDES
Leitura
FUGIDIA
Um dia eu quis fugir de mim.
Havia me cansado da identidade
rotineira.
Dos passeios conhecidos.
Dos pensamentos inúteis.
Tentei... mas cada tentativa de fuga era
mais difícil do que ser eu.
Era uma contrariedade sufocante, como
se não houvesse outra chance.
Era pegar-me ou largar-me, dentro de
um calabouço que tinha nome e sobrenome.
Aceitei o desafio.
De ser como era.
Com todas as quimeras.
Embutidas em mim.
E eis que, a cada descoberta, uma
novidade incerta.
Uma transformação.
Uma paixão.
De ser como eu era.
Era destino mesmo.
E me reconfortei, com todos os
suspiros.
E emoções.
Confusões.
Torpores.
E dores.
Mas ainda é estranhamente melhor ser
o que sou.
Sem fuga, sem medo.
Com todas as imperfeições e
magnitudes.
Atitudes.
Que não me fogem mais.
Mônica Kikuti
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