Virtudes
Não e não
Não quero uma vida chata, com horário
para rir e para chorar. Com horário para voltar e permissão de poder ir.
Não quero a insatisfação recorrente,
que chega como visita inesperada na hora da saída.
Não quero a crueldade do ponto final
nas frases escritas ou nas que foram editadamente ditas, mudando o sujeito, o
verbo e o predicado.
Não quero a rotina de "bem-me-quer"
e "mal-me-quer".
Não quero tela de computador. Quero
óleo sobre tela.
Não quero os sorrisos fingidos na
fotografia. Quero fingir fotografar os de verdade. Para nunca mais esquecer.
Não quero a balança do certo e o
errado, somando pesos no marcador. Quero o certo e o errado fazendo a medida
certa da vida, que tem lá seus altos e baixos.
Não quero a destruição da sinfonia,
iniciada aqui dentro do peito, que pedem para parar de tocar. Quero o arranjo
ideal, sem desafinar.
Se sou eu que componho, por que decompor?
Não quero sepultamento. Nem missa de
7º dia.
Não quero máscara. Nem lente de
contato.
Quero contato. Quero cara.
E que tudo isto não tenha preço.
Só apreço.
Mônica Kikuti
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