VITUDES
Leitura
DESCONECTAR
PARA CONECTAR
Estamos ficando
muito bitolados em celular. Às vezes, parece que a vida se restringe às
conversas no WhatsApp. Tenho evitado ficar o tempo todo diante do aparelho, até
para interagir com as pessoas à minha volta.
Porque a gente está se esquecendo desta
convivência que, muitas vezes, é preciosa para mudar os nossos comportamentos,
nos alertar sobre algumas condutas e também trazer à tona a carência de
conversa que existe entre as pessoas: conversa no cara a cara mesmo. Sem
teclado e aplicativo.
Nestas minhas experiências sem celular
durante uma espera, seja no consultório, na padaria, no ônibus, no trânsito ou
em qualquer lugar, tenho observado coisas engraçadas e outras até preocupantes.
Dia desses, uma senhora veio conversar
comigo. No início pensei que era um pouco daquele negócio de “passar o tempo
durante a espera” falando amenidades. Depois, percebi que ela era um pouco
carente de conversa e, embora eu não seja psicóloga, também percebi que ela era
cheia de problemas físicos de cunho psicológico.
Ela não me deixava interagir.
Interrompia-me ou emendava logo algo na sequência de alguma frase minha. Ela
queria falar sozinha, como se o que ela estivesse a dizer fosse mais importante
do que qualquer coisa que eu dissesse. Ouvi. Limitei-me a isto.
E foi bom. De alguma forma eu precisava
ouvir tudo aquilo, precisava me desconectar do celular, para me conectar com
aquela pessoa. E continuar acreditando que é fundamental cuidar do corpo e
cuidar do espírito. Estar mais disponível a ouvir do que falar. Estar mais
disponível a acolher do que julgar. Desconectar um pouco do habitual para
conectar-se com algo novo, estando mais disponível para o olho no olho. E estar
presente. De corpo e de alma.
(ESTE TEXTO INTEGRA A COLUNA
EMPÍRICA&CRÔNICA PUBLICADA ÀS SEXTAS-FEIRAS NA PÁGINA GUARULHOS TEM NO
FACEBOOK)