NOTÍCIA
Leitura
Ao atacar lideranças da greve dos professores, Diário de S. Paulo blinda Governo do PSDB
Fui procurada hoje, 21
de abril, por um jornalista chamado Eduardo, do jornal Diário de S. Paulo, que
está preparando uma matéria para partidarizar a nossa greve. Não me recordo de
ter sido entrevistada anteriormente por este repórter.
Diz ele que pesquisou
na direção executiva da APEOESP, composta de 35 membros, a existência de 23
filiados do Partido dos Trabalhadores.
Citou também outros partidos. Confesso que nunca fiz essa verificação,
pois isto não tem absolutamente nada a ver com a nossa luta. Estranhamento, o
repórter não me fez qualquer pergunta sobre a nossa pauta de reivindicações ou
sobre a recusa do Governador em negociar com a nossa categoria.
No meu caso ele não
precisaria realizar nenhuma pesquisa policialesca, pois nunca escondi minha
preferência partidária, já que isso não constitui nenhum crime. Da mesma forma,
muitos outros companheiros e companheiras do PT e de outros partidos não
escondem suas preferências. O que isto significa? Uma caça às bruxas?
Na APEOESP não
exigimos atestados de filiação partidária para que um professor ou uma
professora se associe ou para que sejam representantes de escolas, membros dos
conselhos regionais, do Conselho Estadual de Representantes ou, ainda,
integrantes de sua diretoria.
Nosso sindicato possui
uma diretoria plena composta de 120 membros, pois somos uma entidade muito
grande, com 93 subsedes em todas as regiões do estado. Curiosamente, o citado
jornalista não se preocupa em investigar as preferências partidárias dos demais
diretores, talvez porque os resultados não corroborem sua tese.
Dentro do sindicato,
eu, particularmente, pertenço a uma corrente de opinião, denominada Articulação
Sindical. Tal corrente é plural e congrega membros de muitos partidos e uma
grande parcela que não é filiada a partido algum. Há nesta corrente de opinião
integrantes do PSDB e outros partidos que compõem a base aliada do governo
Alckmin na Assembleia Legislativa. O que nos une é a luta pela valorização dos
profissionais da educação e pela melhoria da escola pública.
O querem fazer certos
órgãos de comunicação? Além de não noticiarem corretamente nossa greve querem
cercear nosso direito de organização, de manifestação de lutar pelos nossos
direitos e reivindicações.
O que estamos
assistindo é um ataque frontal e sistemático contra a democracia no nosso país.
O povo brasileiro derrubou uma ditadura, mas ela está voltando de outra
forma. Um único partido, o PSDB, com
apoio de parte da mídia, quer mandar sozinho no nosso país, não reconhecendo o
processo eleitoral de 2014, cujo resultado lhe foi adverso; “caçando”
lideranças sindicais; pagando com dinheiro público blogueiros para atacar
partidos progressistas e organizações sociais, como no caso dos R$ 70 mil
mensais destinados ao senhor Fernando Gouveia, do site implicante.
Este partido agora
utiliza “fora” para tudo. Isto não faz parte da nossa prática. Respeitamos o
processo democrático, os resultados eleitorais legítimos e estamos há mais de
vinte anos suportando sucessivos governos do PSDB no estado de S. Paulo. Não
aceitamos golpes contra a democracia.
É preciso respeitar as
escolhas de cada cidadão. Se o Governador Alckmin pode pertencer ao PSDB, por
que cada um de nós não pode filiar-se ao partido de sua preferência?
O que está ocorrendo,
na verdade, é que nossa greve está firme, forte e conta com o apoio da opinião
pública, dos pais e dos estudantes. A “novela” à qual o Governador Alckmin se
referiu não está saindo como ele imaginava, uma greve fraca e esvaziada. Por
isso ele nos ataca falando de uma suposta “partidarização” do movimento. Nós já
assistimos a essa novela várias vezes. Sempre que nos mobilizamos para
reivindicar nossos direitos, logo aparecem tucanos e aliados para dizer que
nossa luta é “partidária”, “eleitoral” e outros adjetivos deste tipo.
O ex-Governador José
Serra dizia a mesma coisa em 2010, mas nos processou e perdeu. Parte da
sentença do TSE diz que “A manifestação realizada por trabalhadores do sistema
oficial de ensino do Estado de São Paulo, reunidos no exercício do direito de
greve, ainda que resulte em críticas de natureza política, está respaldada pela
liberdade de manifestação garantida pelo art. 5º, IV, da Constituição da
República Federativa do Brasil e não atrai a incidência da penalidade prevista
no art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/97.” E que “Acordam os ministros do Tribunal
Superior Eleitoral, por maioria, em prover os recursos do Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo APEOESP, e de Maria Izabel
Azevedo Noronha.”
Nossas discussões e deliberações
são realizadas em assembleias com 60 mil pessoas ao ar livre, com
acompanhamento de todos os meios de comunicação. Nossa pauta é conhecida de
todos. Queremos a melhoria da escola pública estadual de São Paulo, algo que o
Governo do Estado, comandado pelo PSDB, se recusa a atender. Prefere o jogo baixo, encomendando matérias
para nos atacar e criminalizar. Não vai conseguir.
Termino com um ditado
popular: “quem está na chuva tem que se molhar”. O Governador não escolheu a
reeleição? Pois agora, tem que cumprir a vontade da maioria. E a maioria da
população paulista quer que ele negocie com os professores e apresente
propostas que possam conduzir a uma solução positiva para o movimento.
Nossa luta é justa,
nossa greve está forte e vamos até o fim.
Maria Izabel
Azevedo Noronha
Presidenta da
APEOESP