LENDAS
O
CURUPIRA
"Curupira"
e "currupira" procedem do tupi kuru'pir, que significa "o coberto de pústulas"[. Segundo Stradelli, procedem de curu, contração de corumi, e pira, "corpo", significando, então,
"corpo de menino.
Um dos mais populares
e espantosos entes fantásticos das matas brasileiras. O curupira é representado
por um anão, cabeleira rubra, pés ao inverso, calcanhares para a frente. A mais
antiga menção de seu nome fê-la o venerável José de Anchieta, em São Vicente, em 30 de maio de 1560:
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios e que os
brasis chamam Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe
açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhos disso os nossos irmãos, que
viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em
certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume
da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas
e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oferenda, rogando
fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal". Nenhum
outro fantasma brasileiro colonial determinou oferenda propiciatória.
Demônio da floresta, explicador dos rumores misteriosos, do desaparecimento de
caçadores, do esquecimento de caminhos, de pavores súbitos, inexplicáveis, foi
lentamente o Curupira recebendo atributos e formas físicas que pertenciam a
outros entes ameaçadores e perdidos na antiguidade
clássica. Sempre com os pés voltados para trás e de prodigiosa força física,
engana caçadores e viajantes, fazendo-os perder o rumo certo, transviando-os
dentro da floresta, com assobios e sinais falsos.
Do Maranhão para o sul até o Espírito Santo, o seu apelido
constante é Caipora. Eduardo Galvão informa: "Currupira é um gênio da
floresta. Na cidade ou nas capoeiras de sua vizinhança imediata não existem
currupiras. Habitam mais para longe, muito dentro da mata. A gente da cidade
acredita em sua existência, mas ela não é motivo de preocupação porque os
currupiras não gostam de locais muito habitados. Gostam imensamente de fumo e de pinga.
Seringueiros e roceiros deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de
modo a agradá-los ou pelo menos distraí-los. Na mata, os gritos longos e
estridentes dos Currupiras são muitas vezes ouvidos pelo caboclo. Também imitam
a voz humana, num grito de chamada, para atrair vítimas. O inocente que ouve os
gritos e não se apercebe que é um Currupira e dele se aproxima perde
inteiramente a noção de rumo." O estado de São Paulo, pela lei de 11 de setembro de 1970,
assinada pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré, "institui o
Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nela
vivem." No município de Olímpia,
nesse estado, por mais trinta anos consecutivos não são assinados quaisquer
documentos oficiais durante a semana em que ocorre o Festival de Folclore, no
mês de agosto, período em que a autoridade municipal é representada pelo
Curupira, que exerce o seu poder protegendo a população local e os visitantes
que ali comparecem, pássaros, matas, etc. No Horto Florestal da capital
paulista há um monumento ao Curupira, inaugurado no Dia da Árvore, 21 de setembro.o curupira tem cabelos
vermelhos e gosta de cuidar da mata. ele e o protetor da mata.