EDUCAÇÃO
Escola e família: como cuidar dessa relação
Reconhecer qual é o papel de cada um contribui para uma escola mais
aberta aos pais. Nos casos em que a família se ausenta não se pode abandonar o
aluno.
O programa Fantástico, da TV Globo,
estreou no dia 4 de outubro a série "Pais Nota 10", que coloca em
discussão a participação da família no contexto escolar. O primeiro episódio já
está na internet - você pode assistir neste link. O semanal destaca uma questão
importante: a relação entre pais e escola, colocando ênfase na participação das
famílias e apresentando histórias de comunidades que se engajaram pela melhoria
da Educação.
É fato que a
influência familiar no desempenho dos estudantes é grande. Há que se refletir,
então, sobre o que é função dos pais e responsáveis e o que está nas mãos da
escola. Muitas comunidades se organizam espontaneamente e procuram a direção e
os professores para oferecer auxílio, mas nem sempre é essa a regra. O ideal é
que a mobilização parta da instituição, de maneira estruturada. Cabe a ela
estar aberta à comunidade e criar espaços em que a aproximação seja possível.
Um esforço essencial para isso é
deixar de lado o conhecido "jogo de empurra" acerca de queixas comuns
a pais e professores: indisciplina, bullying, violência, falta de interesse
etc. Família e escola têm papeis diferentes e complementares - e os educadores
são os profissionais que têm conhecimento e podem determinar esses limites.
A escola é o espaço público que o aluno frequenta e é dentro dela que ele tem a chance de aprender regras sociais de convivência. Há comportamentos que são diferentes dentro de casa - que é um espaço privado - e fora. Não há como cobrar dos pais a resolução de conflitos que pressupõem a relação entre pares dentro da sala de aula, por exemplo. A postura de um filho que solicita a atenção da mãe é diferente da de um aluno que requer o apoio da professora. É na escola, também, que as crianças aprendem a não reproduzir preconceitos que podem estar arraigados na família. Cabe ao educador promover a aprendizagem da diversidade.
A escola é o espaço público que o aluno frequenta e é dentro dela que ele tem a chance de aprender regras sociais de convivência. Há comportamentos que são diferentes dentro de casa - que é um espaço privado - e fora. Não há como cobrar dos pais a resolução de conflitos que pressupõem a relação entre pares dentro da sala de aula, por exemplo. A postura de um filho que solicita a atenção da mãe é diferente da de um aluno que requer o apoio da professora. É na escola, também, que as crianças aprendem a não reproduzir preconceitos que podem estar arraigados na família. Cabe ao educador promover a aprendizagem da diversidade.
Envolver as famílias
sem misturar as responsabilidades não é tarefa simples. A reportagem "A
escola da família", publicada na revista Gestão Escolar, indica algumas
atitudes importantes que podem ser tomadas para iniciar essa parceria. Chamar
os responsáveis, apresentar o prédio e os funcionários dizendo quem faz o quê é
um começo. Mostrar qual é o projeto político-pedagógico da instituição e ouvir
as preocupações da comunidade são propostas fundamentais - para tanto, é
preciso marcar as reuniões em horários viáveis para quem trabalha. Outra
sugestão é convidar os pais para compartilhar suas experiências e participar de
oficinas na escola, de modo que compreendam que aquele é um espaço do qual
fazem parte.
Porém, e se, apesar
dos esforços, a família não tiver condições ou não se mostrar disposta a
participar? Infelizmente, essa é a realidade de muitas escolas. E, na maioria
dos casos, os filhos das famílias menos participativas são os estudantes mais
desafiadores, que exigem mais dos educadores.
Em situações como
essa, é fundamental que a escola se fortaleça e que o professor não atue
sozinho, mas sim com o apoio de seus colegas, da direção e da coordenação
pedagógica. Há que se criar um espaço em que esse aluno seja respeitado, tenha
sua dignidade garantida e oportunidade de aprender. Está nas mãos dos
educadores oferecer a ele a chance de ser ouvido e de participar ativamente da
vida escolar.
Para tanto, é
importante que ter como pilares o diálogo e o respeito mútuo. A tarefa
certamente ficará menos pesada se tais valores balizarem atitudes e
comportamentos de toda a equipe escolar, fazendo com que professores, gestores
e funcionários encontrem respaldo e apoio durante os momentos inevitáveis de
conflito - e possam contornar a situação e ajudar o aluno. A coerência e o
sentimento de união são também bons caminhos para que os valores encontrem
ressonância na comunidade, fortalecendo a parceria pela Educação das crianças.
Até porque, para muitos estudantes, a escola é o único recurso que se têm.
Camila Camilo e Elisa Meirelles
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