LEITURA
PARCELO E ME
SUCEDO
Quero parcelar emoções. Dividir em seis vezes.
Parcimoniosamente.
Parcelo este sentir, sem culpa. Sem
ultrajes.
Uma alavanca chega como uma catapulta
nas minhas vibrações. Eu não sei o que isto tudo significa. Já cansei de buscar
respostas. Intangíveis.
Há uma reviravolta todos os dias.
Durmo e acordo. Ainda vivo. E vivo sentindo tantas coisas que não sei se
deveria. Mas posso. E no fundo, eu quero. Não consigo controlar. É uma sucessão
de coisas. Eu me sucedo em mim e a cada dia sou sucedida por estas emoções, que
me devastam. Ricocheteiam nas minhas ácidas lembranças. "Você não deveria
estar repetindo isto". E eu repito.
Repetidamente as coisas vão
sucedendo.
Estou repetitiva.
Toco a mesma música e parece que me
encanto com ela como se fosse a primeira vez. Ela tem cor. É solista que me
ilumina. Toca agudo. Toca grave. Toca profundo. Dedilha sustenido. Redime os
erros do passado. Brilha, brilha e brilha, como o sol do meio-dia. Faz Verão
aqui. E eu espero pelo Inverno. E a mesma música, eu sei.
Eu espero pelo bem. Este maior que
não tem fim. Que paira do meu lado, toca o meu ombro e sussurra no meu ouvido.
Repetidamente.
Como a música que inebria. E
sobressalta.
Espero pelo fim.
Na encruzilhada onde a gente se
encontra.
Eu e mais de mim.
Eu e alguém que fui. E o que sou
também.
E a gente volta junto pra música. Que
se repete. Mas pode ser que desta vez eu não perca nenhuma nota. E eu me note
em sinfonia; desta que eu sei bem o que é. Mas finjo não saber. Só desta vez. E
mais uma vez.
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