VIRTUDES
LEITURA
BREVIDADE
Fiquei chateada com a morte do
ator da novela das nove. Sabe aquela coisa de não conhecer alguém pessoalmente,
mas ter uma afeição, uma admiração? Acho que era isto: admiração pelo trabalho
do cara, por aquele sorriso que parecia mesmo genuíno.
Quando acompanhei o câncer do
meu pai, todo dia era uma vitória, porque eu sabia que a gente não teria muito
mais tempo juntos. Era como uma sentença, vivida a conta gotas. Era a vida
dizendo “adeus” a cada piora. Não sei se foi bom ou ruim assim. Mas deu tempo
de me despedir. De falar tudo o que eu precisava, que sentia. Foi libertador,
no sentido de pedir perdão e também de me perdoar.
Quando a morte vem “do nada”,
não dá tempo. E aí a gente não se conforma muito bem com a “brevidade” da vida
e como ela é ceifada de um jeito que, simplesmente, não dá para entender. É um
instante que, de repente, já era. Foi-se.
É... a vida é breve. Mas pode
ser uma brevidade muito intensa. Uma brevidade doce, como o doce que leva este
nome. Um quitute que não estraga, quando se pode preencher e inundar o coração
de coisas boas. E reverberá-las para o mundo.
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