Não existe botão esquecer e você já sabe isso. Eu sei que a lembrança é dolorosa e incômoda, mas é assim que funciona esse negócio chamado vida, a gente lembra, lembra, lembra, pensa em outras coisas, foca em outras histórias, cuidamos mais de nós, e superamos. São etapas a serem cumpridas, queira ou não.
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Você ainda vai sentir aquele cheiro na roupa esquecida, ou ouvir aquela música e sentir aperto no peito, vai reencontrar e dar saudade, junto de um nó na garganta que só quem ainda sente algo sabe explicar. Aos poucos, a vida vai se encarregando de esvair as lembranças e você também vai ficar imune aos estímulos de passado que surgirem. Vai receber uma mensagem e seu estômago não vai dar mil e uma voltas, as borboletas vão relaxar e o frio na barriga vai se transferir para o frio na cabeça: você vai saber refletir duas, três, cento e noventa e oito vezes antes de pensar em responder algo. Os impulsos estarão controlados. Ainda bem.
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Porque é assim que funciona e não existe fórmula para isso. É um bombardeio constante de lembranças e saudades e nostalgia e aaah...cheiros e sabores. É aquele lugar que foi palco de momentos mágicos, é aquele filme que parecia vocês dois, é aquele perfume que alguém usou no elevador e fez você lembrar. Mas nada disso te afeta da mesma maneira, porque parou de doer, porque você aos poucos foi parando de se importar, você foi seguindo em frente, porque é isso que é a vida: seguir em frente. Doeu, doeu, doeu...e passou. Sempre passa, mesmo que as lembranças fiquem.
VICTOR FERNANDES
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