VIRTUDES
LEITURA
FUGIDIO
A
vida passa depressa. Ouço música. Ouço barulho. Ouço vozes, algumas que eu não
gostaria de ouvir. Mas elas estão ali, quase grunhindo no dia a dia da vida de
verdade.
A
criança desconhecida sorri para mim. Acena. Despede-se de um encontro de
olhares tão fugaz, como se a gente se conhecesse desde sempre. Foi como um
presente no dia de caos.
Desde
sempre eu acredito que ainda existam anjos. Eles também estão por aí. Andando
como gente, sem serem tocados pela perversidade que muitos conhecem e que nos
ronda. Eles não se sujam. Eles mantêm limpas as mãos e o pensamento. Eles ainda
são deste mundo. Mundano.
A
vida passa no toque do despertador. Desespera-me a hora perdida. Desespera-me a
hora que se perdeu, sem que nada se fizesse. O tempo passa rápido. A rapidez
proclama muitas coisas, sem que eu pudesse dar conta.
Tudo
rápido, fugidio. Eu não sei mais onde estão meus minutos. Que música toca nos
meus ouvidos? Desconheço-me um pouco mais quando olho para dentro. Me perco
dentro de mim, num abismo quase amedrontador. Escalo as pedras do rim. Fico lá
vendo tudo, como mera observadora. Sem medo. Sem julgamento.
Sem
tempo de pensar o que não interessa. Sem tempo para o desinteresse. Sem tempo
fugidio. Sem fugir. Do tempo.
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