VIRTUDES
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ATOS.
FALHOS OU NÃO
Resolvi comprar um
frango assado para o almoço.
Eu ia para a
cidade, mas decidi passar no bairro, porque iria ser mais fácil. Não sei. Tipo
um insight.
Tive que dar a volta com o carro, parar no posto de
gasolina, porque não tinha lugar na frente do comércio.
Atravessei a rua e quando cheguei, logo um cara
perguntou para o vendedor se aceitava cartão. "Não, mas você vai lá no
posto que eles passam para mim", avisou o comerciante.
Eu nunca tinha
entrado ali. Não sabia se tinha que pegar ficha, se já comprava direto.
Fui contar o dinheiro para ver se dava R$ 24.
"Tô
procurando para ver se vai dar o dinheiro", falei.
"Você mora aqui?", perguntou-me o
comerciante.
"Moro. Quer dizer, vim visitar meus pais. (Eu
sempre falo no plural, embora só tenha mãe agora. Talvez seja um ato falho ou o
costume mesmo. Ainda não consigo dissociar a palavra)."
"Pode pagar
depois", falou, com um sorriso no rosto.
"Eu sou filha
do japonês. Você conhecia ele, né?".
"Ah, ele é meu amigo", falou, no presente.
"Ele faleceu, você soube, né?"
"Sim. Fiquei
sentido. Ele era meu amigo, palmeirense, sempre trazia carne aqui para assar no
fim do ano. Sempre esperava ele".
Daí enquanto eu
pensava "este ano ele não vai vir", engoli o choro. Paguei o frango
com o dinheiro que eu tinha. Ele ainda voltou R$ 2.
"Ele cumpriu
a missão dele", disse o comerciante.
Tenho certeza.
E tava muito bom o frango. Comi pelo japa. Ele iria
gostar.
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