VIRTUDES
Só
uma dose
Tomei um
ar. Uma dose apenas.
Era o que precisava.
Olhei as luzes intermitentes dos enfeites de Natal nas
sacadas dos apartamentos.
Na
imensidão de concreto, um colorido genuíno.
As estrelas pareciam tantas, mas eram as mesmas de
sempre. Talvez até mais inspiradoras do que em um dia qualquer.
Uma brisa remexeu-me os poucos cabelos.
Tomei mais uma dose. Uma dose de ar.
Queria
tomar uma dose de tantas coisas. Tantas atitudes que ficavam imobilizadas, nos
desejos esquecidos. Adormecidos.
Nas
vontades passageiras, por vezes, alheias. Nos sentimentos que voavam para fora
de mim, mas que nunca haviam transpassado a barreira do imaginário. Imaginariamente
ausentes de mim. Mas, presentes como o pisca-pisca natalino, alternando cores e
tingindo os pensamentos.
Só uma dose mais.
De ar. E de dor.
Para
agir. Reagir.
Porque nunca o conforto foi tão mensurado na inércia
acostumável de estar no mesmo lugar.
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