VIRTUDES
Leitura
APONTE O LÁPIS
Tem gente que não aponta o lápis, mas
aponta o dedo. Vai tirando a crosta fina da razão, de pouquinho em pouquinho,
recheando-se de um preconceito que não tem tamanho.
É aquela pessoa que julga. Sentencia.
Avalia uma vida toda por um corte de cabelo. Por um piercing. Por uma tatuagem.
Pela roupa rasgada.
É aquela pessoa que senta ao seu
lado, chora ou sorri. Mas, questiona o inquestionável. Não para você, claro.
Mas, para o mundo. Para Deus. Para o que convier.
Gosta de poréns, todavias,
entretantos, emboras, de porquês, de "mimimi".
Presta atenção na mancha da toalha
branca.
E nada disto é o bastante.
Porque esta gente quer que a gente
seja o que não pode.
Quer que a gente seja aparência.
E mesmo quando a gente não quer ser o
que é, é difícil ser o que querem que sejamos. É improvável, talvez,
impossível.
Aponte o lápis.
Não aponte o dedo.
Aponte o lápis.
Escreva sua história.
Mas, não queira escrever a minha.
Nem a de ninguém.
Não queira desenhar meus cabelos.
Mas lembre-se do meu sorriso.
Que será sempre descreverá mais do
que um lápis sem ponta.
Mônica Kikuti
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