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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

VIRTUDE - Um “outro” do outro

VIRTUDES

Um “outro” do outro  


Costumamos dizer que é na hora difícil que conhecemos o outro. Isto é bem verdade. Quando tudo está bem, as pessoas têm um comportamento que não demanda suspeitas. Entretanto, quando o mundo vira do avesso e algo sério se impõe, limitando as ações e sufocando as emoções, a parte mais nefasta do ser humano vem à tona. E, à margem dos sentimentos mais sublimes, surge um outro indivíduo que a gente não supunha existir. Um outro alguém. Um “outro” do outro.
Juras de amor eterno se despedaçam em palavras malditas. E aí vemos que há muitos homens dispostos a se deitar, mas que não conseguem ficar de pé diante das menores turbulências. Eram falsos companheiros. Talvez apenas companheiros de cama. E o cerco se fecha. Máscaras caem.
Fácil é deitar. Difícil é ficar de pé e manter-se em equilíbrio. Caminhar lado a lado, sem querer tomar a dianteira, para se sentir superior. É preciso ter hombridade. Respeito. Assumir responsabilidades.
Solidarizei-me, numa espécie de decepção coletiva, com uma amiga minha, ao saber que o namorado não queria assumir o filho que ela esperava. Tampouco ele queria que a criança viesse ao mundo.  Ah, era um cara tão bom, o protótipo do “marido perfeito”!!  É, mas pessoas perfeitas não existem... Hello, vamos acordar!
Senti, de forma irmanada, a dor que a covardia alheia traz consigo. A dor de saber que as palavras ditas, muitas vezes, são ecos do nada. Não representam sentimentos verdadeiros. São frases feitas que muitos de nós estamos acostumados a recitar com encanto falsificado. Com encanto das segundas intenções. E se há sempre segundas intenções, como vamos poder constituir algo mais palpável, um relacionamento de verdade, que clama por companheirismo no dia a dia, acima da companhia em cima da cama?
Gente covarde cansa e destrói. Ter medo é uma coisa. Ser covarde é outra. E a covardia, por menor que seja, realmente apequena qualquer pessoa, por ela não ter a responsabilidade de assumir, sejam as grandes ou pequenas falhas, as responsabilidades, os dividendos.
Uma atitude covarde, aliás, desmorona tudo o que foi construído, porque fragiliza ainda mais o castelo de areia. Aquele castelo que acreditávamos ser eterno.
Lamento a covardia alheia. Lamento o machismo hostil. Lamento as relações que caem no ralo da inconsequência, da conformidade com o mínimo, do descarte sem limite, como se nunca houvesse nada que valesse a pena.
E lamento o “outro” do outro que se converte em cotidiano, desmascarando os velhos golpistas de corações, que estão entre nós, crescendo vertiginosamente com a falta de escrúpulo. E a falta da verdade. E, o que é pior: a falta de amor.

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