VIRTUDES
porque ele
é indecifrável
Pingos de chuva tocaram-lhe a face. Injustas, molhavam as
inspirações que esperavam por um dia de sol.
Sob o guarda-chuva estavam escondidas
ideias, pensamentos vis. Fantasias. Sob um dia gris.
Um desejo anterior, mostrava um rosto
esculpido numa lembrança distante. Um sorriso enigmático perdido no tempo
passado.
Uma lembrança fugaz, desfeita nas
preocupações de amores que poderia ter ou que deveria ter tido. Uma lembrança
desfeita nas preocupações do tempo que passava implacável, com o ônus das
muitas coisas por fazer.
Aquela chuva continuava a desanuviar
pensamentos, embora seus pingos fossem tão sutis.
Um cheiro molhado invadia-lhe,
enquanto caminhava a passos lentos, diante de um turbilhão de pensamentos e
orações semi-feitas, recomeçadas a cada minuto, após distrações da mente.
Inclementes.
O acaso voltava a molhar-lhe. Como se chovesse nas
expectativas, por um tempo tão esperadas.
Mas, o acaso não tem dia. Não tem
tempo. Não faz chuva. Não faz sol.
Não dispensa guarda-chuva ou confissões sussuradas pelo
vento.
Desejos perdidos na morbidez de atitudes.
Ou no desastre do acaso, que não quer
que a paixão se aproxime, ou intimide com os medos reconhecidos.
Embora, faltasse apenas paixão para aquele turbilhão de
pensamentos.
Turbilhão que se molhava à espera de
um sorriso do acaso. De um sorriso daquele caso... de amor não correspondido.
De um amor ou de um desejo que não se espera.
Acontece.
Como a chuva.
Que molha e uma hora acaba.
Mas, de uma hora para outra, pode voltar.
Inesperadamente.
Molhando tudo.
De novo.
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