VIRTUDES
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PÃO
COM OVO
Passei
a semana com vontade do tal pão com ovo e fui até a mesma padaria realizar meu
desejo. O sanduíche chegou quentinho. O pão tinha sido cortado ao meio e a cada
mordida era um deleite. Eu estava terminando a primeira “banda” quando um
funcionário da padaria, cheio de pacotes, esbarrou no meu braço bem naquela
golada do café com leite. Putz! O café molhou minha blusa, minha calça e o pão
com ovo.
O
homem, coitado, não sabia o que fazer. Pediu mil desculpas. Fiquei desapontada.
Fizeram-me outro pão com ovo. De fato, não estava tão bom quanto o primeiro.
Comi assim mesmo, porque a vontade, sem dúvida, era maior.
Enquanto
eu comia, percebi uma certa tensão. As outras atendentes estavam apreensivas.
Era como se a qualquer momento eu pudesse esbravejar, reclamar para o dono, sei
lá. Fiquei pensando no funcionário. Coloquei-me no lugar dele. Eu ficaria
arrasada o dia inteiro.
Fui falar com o cara antes de ir embora.
Falei para ele não ficar chateado. Coisas assim acontecem. Ele abriu um sorriso
de alívio. Era a redenção para o começo de um dia desastroso.
A
blusa continuou úmida e manchada. E isto só precisa lavar. É fácil de fazer,
como pão com ovo. Difícil é lavar a alma, tirar a carga que sobrecarrega.
Perdoar, relevar, aceitar.
E
que haja menos conflito, dentro e fora de nós, e que haja mais gente gentil e
compreensiva. Assim como mais café na xícara e pão com ovo. Porque é gostoso e
a gente merece
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