VIRTUDES
A QUEIMA
O calor aumentava as angústias
do tempo desperdiçado em vão, como o suor que escorria sem que houvesse tempo
de aplacá-lo.
Era
o ápice daquele inferno que se instalava implacável, deitando nas chamas as
desilusões nunca sonhadas.
O coração batia depressa. O
fôlego ia se perdendo diante de um sacrifício após outro. Respire.
Ninguém sabia do que se dizia.
Ninguém sabia o que aquilo trazia.
Debaixo do sol, as imagens do
passado queimavam como os sentimentos outrora esquecidos.
Não
havia para onde ir. Esconder-se. Escafeder-se.
Lembrei
do furor que havia antes das coisas que não se conhecia. Até que elas ficaram
conhecidas demais. Muito corriqueiras.
Asneiras.
O
mesmo filminho repetido e encenado, com personagens um pouco diferentes. Travestidos,
talvez, com uma roupagem de vilões e mocinhos. Bruxas e damas.
Dramas.
O
suor molhava o rosto desfeito, desfigurando também os pensamentos com as
lembranças moribundas de um passado incongruente. Quente.
Mas
havia saída.
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