MAGAZINE SHOP BLUES

OFERTAS FANTÁSTICAS

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

VIRTUDES - Pelos olhos da alma

VIRTUDES

Pelos olhos da alma

Um japonês, cego, tinha como grande desejo enxergar. Graças à ciência e à alta tecnologia de seu país, uma cirurgia trouxe-lhe a visão. Tudo o que nunca havia visto estava diante dele, à mostra. Imaginei o impacto. Pensei em quanto ele deveria ter ficado feliz em, finalmente, poder ver. Era um mundo novo.
De fato, o mundo era tão novo que causou-lhe um estresse gigantesco. Se a melancia para os que enxergam é algo tão fácil de identificar, como seria para ele, que nunca tinha visto uma antes? Diante dele tudo era estranho. “O que é isto? O que é um copo? O que é uma cadeira?”. Os cientistas, até então, não haviam pensado o quão árduo seria para aquele paciente reaprender a viver, descobrindo o que estava diante dele, embora conhecesse tudo pelo tato, mas não tivesse condição de reconhecer nada somente olhando.
O japonês, que até então o que mais queria era enxergar, decidiu viver de olhos fechados. Não queria mais aquele estresse todo. Abria os olhos somente para olhar a família. Suas filhas eram a imagem mais linda do mundo, a dádiva divina. As vozes que ele ouvia todos os dias tinham agora uma feição única, que era o êxtase que ele tanto aguardava e, talvez, esperasse para tudo o que visse. Mas, por algum motivo, não era para ser assim.
Diante de uma história real que aconteceu do outro lado do mundo, vemos que os nossos anseios, por vezes convertidos em realidade, não são exatamente o que esperávamos deles ou nos trazem dissabores inesperados. Sonhamos com tantas coisas e tantas coisas nos seduzem, entretanto, não é sempre que um desejo conquistado se transforma no que, de fato, esperávamos dele. Frustramos nossas expectativas e em algumas ocasiões colocamos muita coisa, incluindo nossa própria integridade, em risco.
Os bens materiais são alguns exemplos clássicos. Já tivemos notícia de gente que comprou um carrão ou uma moto bacana e perdeu a própria vida por causa disso.
Tem coisas que, sem sabermos explicar, não eram para ser. São como tempo perdido. Não dão liga. É como aquele amor tão desejado que, quando se concretiza, não é amor nenhum. É um negócio estranho, que bota tudo o que fantasiamos em xeque.
Precisamos converter nossa energia, nossos desejos, no que realmente vale a pena. Lógico que vamos errar nesta jornada, mas é aí que temos de aprimorar nosso modo de ver a vida e de enxergar a nós mesmos. Reconhecer-nos com a sensibilidade do cego japonês que precisa sentir e não necessariamente ver... E há coisas que é preciso enxergar com os olhos da alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário