LEITURA
INVISIBILIDADE
No passo rápido, ninguém vê. A solene
invisibilidade parece ser rotina onde os olhos quase nunca se cruzam. E se um
olhar dá de encontro ao seu, não é nada mais do que coincidência. A vida tem
destas coisas. Não há cumprimentos pela mera educação. Pra quê?
Só
pra ser um pouco mais do que a massa. Só isto.
Nas
portas que se abrem, destinos são selados. Vida ou morte.
Ilusão
ou verdade. Uma lembrança travestida de saudade. É muito pouco.
Escondida,
a doçura aparece nas buscas contínuas. É presente para o amargor das
circunstâncias. Elas vêm mudando, aliás. Um universo se descortina. Não há
tempo a perder com miudezas que já foram tão grandes. Imensas. Ilimitadas.
Desproporcionais.
O
vento preenche os vazios. Não há espaço para aqueles dissabores, para falsas promessas,
para a inconsequência de não saber. E não saber nada.
Os
prazeres dos egoístas são prioridades cotidianas. Não há como remediar. São o
que são, numa tortura diária genuinamente imbecil. "Perdoai-os porque não
sabem o que fazem".
Na
TV, o filósofo fala do animal que existe em nós. O irracional, o devastador. O
que alimenta o medo e desfaz qualquer coisa que pode ser boa. E também aumenta
as ruins.
Com o
passar do tempo, a areia movediça engole pessoas. Elas não se importam. Não têm
responsabilidades. Gostam de ser imunes e ao mesmo tempo a vítima de si mesmas.
O
tempo passa implacável. A hora de despertar é soada pelo alarme. Mas, a
surdez é soberana diante da inexorável vontade de ser diferente. Pois as
incongruências desmedidas continuam convalescendo os que já não estão aqui.
É o
fim que chega. Mas é o começo que permanece.