VIRTUDES
Leitura
EM
NOTA
Uma
parte estava em branco. Outra estava borrada, ilegível, embora houvesse vaga
recordação.
Havia,
porém, uma nota de rodapé, que li precisamente: "Tudo foi
providencialmente apagado, porque você não precisa destas memórias".
Verdade!
E esta verdade não doeu como várias daquelas que não se ousa saber – ou ouvir
de desavisados.
Talvez
fosse cruel demais apagar, assim... Mas, há crueldade em tantas coisas...
Lembrei
dos escritos jogados no fogo, nas fornalhas do esquecimento. E aqueles que
foram mesmo consumidos, rasgados, porque não significavam mais nada do que
frustrações, frases que já não tinham mais interlocutor, já não tinham mais um
destinatário. Um destinatário talvez ainda vivo na memória ou morto pelas
intercorrências providenciais. Tudo se julga, se condena... Deveria ser assim?
As
penas de nanquim estavam inutilizadas, embora eu sempre achasse que haveria um
romantismo nas letras góticas que deveriam ter sido esculpidas alí. Deveriam
mas não foram. E se não foram houve um motivo.
E
se houve um motivo para não ser, também houve o "para ser".
Retomei
o olhar na Página 253. Quanto tempo haveria passado?
Já
não sei mais quantificar.
Quiçá
a próxima página norteie um pouco.
Mas,
ainda não sei se quero abrí-la.
Talvez
a 325.
Número
ímpar. Para emoções ímpares.
Mônica Kikuti