LEITURA
NO LUGAR DO OUTRO
Nos detalhes é que a gente enxerga em profundidade
certas coisas que não havíamos dado conta antes. Nas conversas, chegam
mensagens nas entrelinhas. Mensagens que as pessoas, por vezes, não querem
passar, mas elas saem. Sem mais nem menos: "Poft, toma! Segura a
bronca". E aí estão os recados mais diversos.
São coisas que
impressionam. São coisas que nos fazem pensar: "até quando?". Afinal,
ninguém quer admitir, mas a inveja existe. Ninguém está imune a ela, é verdade,
mas a gente pode repelir isto, logo que aquele sentimento aparece. Quem não
repele dá forças a ele. Agiganta a inveja, permite que ela ganhe tentáculos,
que ela vire algo rotineiro. E todo comportamento que é repetitivo vira rotina,
não é mesmo?
Tem gente que quer estar
no lugar do outro, mas não no sentido da empatia, de se solidarizar com alguém
e tentar entender a magnitude de seus problemas, suas angústias.
Tem gente que quer estar
no lugar do outro no relacionamento feliz e torce para que ele não continue
dando certo. "Ah, uma hora isto aí termina."
Tem gente que quer estar
no lugar do outro na foto de perfil no Caribe, no jantar do restaurante
granfino, no carro novo...
Tem gente que quer estar
no lugar do outro mesmo, mudar de corpo, ter aquele sorriso encantador, a voz
maviosa, o olho azul, o cabelo liso, a mancha na perna, o bronzeado de praia e
uma penca de coisas subjetivas.
Até quando a gente vai
continuar alimentando sentimentos ruins em detrimento aos bons? Até quando a
inveja vai largar antes e "ganhar" a corrida sem mérito algum? Até
quando a gente vai achar que isto é normal, que está tudo bem em agir assim?
Até quando a gente vai continuar se acostumando a uma vida fútil, a um
relacionamento de bosta e a um trabalho desedificante?
Exercite a empatia ao
invés da inveja.
A empatia enobrece.
A inveja empobrece.
Empobrece o espírito e o
coração.
E talvez sejam só estes
dois que nos restem em toda a nossa existência.
Mônica
Kikuti
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