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quinta-feira, 10 de maio de 2018

VIRTUDES/ LEITURA - NO LUGAR DO OUTRO


LEITURA
NO LUGAR DO OUTRO

Nos detalhes é que a gente enxerga em profundidade certas coisas que não havíamos dado conta antes. Nas conversas, chegam mensagens nas entrelinhas. Mensagens que as pessoas, por vezes, não querem passar, mas elas saem. Sem mais nem menos: "Poft, toma! Segura a bronca". E aí estão os recados mais diversos.
São coisas que impressionam. São coisas que nos fazem pensar: "até quando?". Afinal, ninguém quer admitir, mas a inveja existe. Ninguém está imune a ela, é verdade, mas a gente pode repelir isto, logo que aquele sentimento aparece. Quem não repele dá forças a ele. Agiganta a inveja, permite que ela ganhe tentáculos, que ela vire algo rotineiro. E todo comportamento que é repetitivo vira rotina, não é mesmo?
Tem gente que quer estar no lugar do outro, mas não no sentido da empatia, de se solidarizar com alguém e tentar entender a magnitude de seus problemas, suas angústias.
Tem gente que quer estar no lugar do outro no relacionamento feliz e torce para que ele não continue dando certo. "Ah, uma hora isto aí termina."
Tem gente que quer estar no lugar do outro na foto de perfil no Caribe, no jantar do restaurante granfino, no carro novo...
Tem gente que quer estar no lugar do outro mesmo, mudar de corpo, ter aquele sorriso encantador, a voz maviosa, o olho azul, o cabelo liso, a mancha na perna, o bronzeado de praia e uma penca de coisas subjetivas.
Até quando a gente vai continuar alimentando sentimentos ruins em detrimento aos bons? Até quando a inveja vai largar antes e "ganhar" a corrida sem mérito algum? Até quando a gente vai achar que isto é normal, que está tudo bem em agir assim? Até quando a gente vai continuar se acostumando a uma vida fútil, a um relacionamento de bosta e a um trabalho desedificante?
Exercite a empatia ao invés da inveja.
A empatia enobrece.
A inveja empobrece.
Empobrece o espírito e o coração.
E talvez sejam só estes dois que nos restem em toda a nossa existência.


Mônica Kikuti


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