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domingo, 30 de março de 2014

VIRTUDES


Uma epidemia preocupante

O cabeleireiro parece um ser mágico, quase uma “catuaba capilar”. Faz algumas coisas que até Deus duvida. Arranja aqui e acolá e pronto: todo mundo sai de lá embelezado, com uma estima tão alta que quase bate nas nuvens. Tem uns tipos, entretanto, que fazem o contrário também. Lembro-me de uma mulher que cortou o meu cabelo e tingiu. Chorei três dias seguidos, porque ficou uma droga. A cor parecia água de salsicha com uma colher de molho de tomate. O corte, nem me atrevo a descrever. Ela cortou não só o meu cabelo, mas quase os meus pulsos. Tudo bem, cabelo cresce de novo. O problema é que demora um pouco e quando a gente coloca um negócio na cabeça, estes dos quais a gente não gosta, atormenta todos os dias.
Já que no salão de cabeleireiro se faz milagres, deveria existir um salão cerebral: a pessoa entra lá, ignorantona, e sai sábia. Mas, sai com uma sapiência não assim, de resolver aqueles problemas de matemática, mas de enxergar a vida de uma forma mais leve. Enxergar o outro de uma forma mais compreensiva. Enxergar a si mesmo com a compaixão de que devemos ter sempre quando erramos ou fazemos o outro sofrer.
Neste salão também teria de ter cirurgia de redução de ego. É, porque pelo amoooor, estamos padecendo de uma epidemia de ego inflado! Nunca se viu tanto ego gorducho andando por aí. Daqueles que nem cabem direito na pessoa: o ego chega primeiro em todo lugar. E é tão gigante que quase não dá espaço para os outros. Ele fura fila, desrespeita, faz propostas indecorosas, xinga no trânsito, se acha superior a tudo e a todos. 
E as pessoas de ego inflado, egoístas demais e “estrelas demais”, deveriam ir ao salão e marcar horário para a cirurgia “egoátrica”. Em alguns casos, era bom fazer uma dietinha primeiro. Talvez começando pela oração de São Francisco, sendo instrumento de paz: “Onde houver ódio, que eu leve o amor.” 
De repente, valeria também uma implantação de um chip “antiegocentrismo”. Um procedimento menos invasivo só para checar como o portador de ego inflado iria reagir para melhorar sua convivência com os demais.  
Mas, embora houvesse tudo isto estaríamos no mesmo dilema: tem gente que não enxerga o próprio ego inflado. Não entende por que as pessoas evitam contato ou porque não gostam muito das conversas, ou melhor, monólogos – quem tem ego inflado mal deixa o outro falar. Mas o “eu”, sozinho, não dá liga alguma. O pronome precisa de complemento. E isto não é bombinha para inflar: é ação, é verbo e uma dose de simancol. Porque na vida a gente precisa esvaziar-se para preencher-se de nobreza, sabedoria e amor. E é disto que o mundo (e a gente) precisa.


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