T EOLOGIA
LEITURA
QUEM ERAM OS MAGOS
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Normalmente se diz que os reis magos eram 3. Esse número vem da tradição e não é bíblico. Mateus, o único evangelista a contar essa história, não fala quantos eram e nem diz que eram reis (Mateus 2).
Baseada no
Evangelho Apócrifo Armeno da Infância de Cristo, um livro do século VI depois
de Cristo, a tradição diz que esses magos eram 3 e se chamavam Melquior,
Baltasar e Gaspar (veja o texto do apócrifo).
Magos, estrela
e presentes
Entre os exegetas existe muita
discussão sobre a existência desses magos que vieram de longe para adorar a
Jesus. Há aqueles que defendem que tudo nada mais é do que uma construção
teológica de Mateus, para mostrar como os pagãos reconhecem a grandeza de
Cristo e outros, invés, que buscam vestígios, sobretudo na astronomia,
defendem, com unhas e dentes, a existência histórica desses personagens.
Acredito que não conseguiremos encontrar uma solução para esse impasse, mesmo
gastando tempo com argumentação científica. O que temos a evidência do texto,
que em si transmite uma mensagem muito importante. E é essa mensagem que fica e
sobre ela precisamos nos concentrar.
Primeiro de tudo sabemos que se trata
de magos. Essa palavra tem duas
conotações diferentes. Por um lado, como mostra Atos dos Apóstolos 13, podem ser
enganadores, charlatões. Por outro lado, invés, podem ser ligados a uma busca
fortemente ligada ao pensamento filosófico, representantes de uma religião que
está constantemente em busca da verdade. Provavelmente os magos de Mateus são
ligados à segunda compreensão do termo: são dominados por uma força que os
coloca em caminho e os conduz a Cristo.
Outro elemento importante, que
movimenta a fantasia de tantos de nós é a estrela,
que guia os magos até Belém. Há muitos estudos que tentam ver no conjunção de
planetas (Jupter, Saturno e Marte), juntamente com uma super-nova, os elementos
que criaram esse espetáculo celeste que fez com que os magos, graças à
interpretação que deram, chegassem até a Judeia, onde Jesus nasceu. A
historicidade disso, todavia, é muito questionada, já desde os tempos dos
Padres da Igreja. João Crisóstomo, por exemplo, dizia: "ela não era uma
estrela comum, ou melhor, creio, não era nem mesmo uma estrela, mas sim um
poder invisível que assumiu um tal aspecto." A estrada para uma
interpretação sensata começa a partir da profecia do pagão Balaão, a serviço do
rei de Moab, como contada em Números 24,17: Vê-lo-ei,
mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de
Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá
todos os filhos de Sete. A estrela da qual fala Balaão não é um
astro, mas o rei que virá é a estrela, que brilha sobre o mundo e determina o
seu futuro.
O terceiro e último elemento dessa
história contada por Mateus são os presentes: ouro,
incenso e mirra. Com certeza não são coisas úteis para um
recém-nascido. Isso prova que têm uma índole simbólica. A leitura tradicional é
que o ouro recorda a regalidade de Cristo, o incenso o fato que ele é filho de
Deus e a mirra é uma recordação do mistério da Paixão (veja João 19,39)
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